Demorou mais do que o esperado, mas finalmente o frio deu as caras em BH. E com as noites geladas, nada mais reconfortante do que se fartar de comidinhas fumegantes. Nesse menu entram sopas, caldos, massas e, claro, fondues – aliás, um dos pratos mais apreciados do período.
Não por outro motivo, a rede Outback resolveu criar duas versões da iguaria: uma salgada, com um mix de queijos, e outra doce, feita com calda de chocolate. Ambas são servidas com o icônico pão australiano do restaurante. “Assim que fizemos o anúncio do fondue Outback, o engajamento foi imediato”, comemora Renata Lamarco, diretora de marketing da franquia.
De fato, a notícia se espalhou aos quatro ventos – e, de pronto, fotos de pessoas degustando a novidade passaram a ser compartilhadas em redes sociais, a ponto de, na última segunda-feira, os termos “fondue outback” e “outback” terem entrado nos trending topics do Google.
A estratégia da rede vai ao encontro de uma das lógicas de mercado: casas tradicionais devem estar sempre se reinventando. Para Carolina Félix, diretora de marketing da Nova Safra, empresa que oferece consultoria técnica para estabelecimentos na área de gastronomia, a cada estação é preciso renovar, ao menos em parte, o menu, incluindo opções diferenciadas para que o cliente se sinta instigado.
“Bares e restaurantes podem fazer noites de caldos, sopas ou fondues, por exemplo. Além disso, uma boa estratégia é inovar nas opções de sobremesas, cafés ou bebidas, como vinhos e licores. Já as sorveterias podem apostar nos crepes e sorvetes quentes”, propõe Carolina.
De fato, caldos e sopas são pedidas campeãs na época do frio. Tanto que, em Belo Horizonte, é comum se deparar com estabelecimentos que oferecem rodízio de caldos. A boa nova é que, no que depender dos chefs, a inventividade é um elemento importante no processo.
Para a chef Marcella Paternostro, da Rústico Cervejaria, ingredientes como manteiga e creme de leite são boas dicas para transformar caldos em cremes mais substanciosos. “Dão uma sensação de conforto ainda maior”, garante. O raciocínio é pertinente. “Mesmo com um verão no qual as temperaturas chegam quase a 40º C, consumimos feijoada e feijão tropeiro. Então, no nosso inverno, é possível, sim, continuar nessa linha”, brinca ela.
Para o frio, ela aposta em sugestões como o creme de pamonha feito com milho-verde cozido e linguiça toscana. Há também o creme de abóbora com camarão, o de leite de coco e curry e o de tomate servido com espetinhos de queijo coalho na brasa, que chegam às mesas em panelinhas de pedra, para manter o calor.
Mas, antes de testar os sabores “diferentões”, a chef confessa que entrou em um dilema com os mais tradicionais. “Antes, durante o inverno, insistia em não fazer o caldo de feijão, por exemplo, e, assim, tentava criar uma resistência, quase obrigando o cliente a provar o novo. Mas, com o tempo, passei a entender esse perfil (que busca pratos mais convencionais), e, com o caldo de feijão com torresmo disponível no menu, acaba que o cliente se sente encorajado a experimentar também os diferentes”, acredita ela.
Mudar é preciso?
Assim como Marcella, outros chefs da cidade aproveitam a mudança de estação para lançar novidades – ou simplesmente visitar alguns clássicos de inverno com uma nova roupagem, caso da sopa de cebola, especialidade que ficou famosa em Paris, onde virou um clássico de fim de noite.
No empório Roça Capital, o cozinheiro e sócio Leandro Dornas incrementou a receita, mas prezando a identidade da casa, que é mineira. “No inverno, não é preciso ‘inventar moda’ – é só dar uma cara diferente à receita que já existe”, acredita ele.
Sendo assim, a base dessa versão mineira da sopa de cebola é feita com caldo de suã de porco. “Também utilizo a cebola roxa, que é mais aromática. Eu a faço bem dourada na manteiga, numa panela de ferro. Fica com um gostinho propositalmente queimado, de fundo de panela. Depois que a sopa fica pronta, é gratinada com queijo d’Alagoa”, explica.
Queijo à vontade. Cremosos e versáteis, os queijos derretidos ou preparados em combinação com pratos quentes também são uma boa pedida para os dias frios, o que os faz ter cadeira cativa nos menus da cidade. Além de arrematar receitas gratinadas e servir de base a fondues cremosos, também se revelam ótimas opções de entrada – como pode ser conferido no Cabernet Butiquim.
Para o inverno, a chef Janaina Barrozo, por exemplo, criou o brie assado com compota de berinjela ao vinho. “Ao assar, o queijo vai derretendo junto à compota, que fica bem doce. Por cima, arremato com massa folhada”, explica ela, que serve a iguaria com pedaços da foccacia da casa.
Janaina explica ainda que existem alguns temperos que podem colaborar para a sensação de “aquecimento” do organismo, tão desejada no período do inverno. “A pimenta, por exemplo. Mas, quando a receita for de doces, vale a dica de adicionar, na receita, especiarias como a canela”, aconselha.
Onde ir
Cabernet Butiquim Unidade I: Rua Levindo Lopes, 12 e 22, Savassi
Unidade II: Rua Jornalista Djalma Andrade, 14, Belvedere. (31) 3889-8799
Protótipo Bar Rua Professor Galba Veloso, 206, Santa Tereza. (31) 3566-0396
Rústico Cervejaria Rua Henrique Badaró Portugal, 143/loja 157, Buritis. (31) 3024-1993
Outback Steakhouse Unidades: BH Shopping, Boulevard Shopping e Pátio Savassi
Herbário Mercado Novo – Av. Olegário Maciel, 742, centro
Roça Capital Av. dos Bandeirantes, 1.725, Mangabeiras. (31) 3564-0036
Bebidinhas ganham ‘up’ para aquecer o corpo
O clássico chocolate quente é uma das pedidas certeiras para aquecer o corpo durante a temporada fria. Mas, a cada inverno, a bebida tem surgido em novas versões, como no Protótipo Bar. Mesmo sendo um estabelecimento tipicamente cervejeiro, o local criou, para o menu de inverno, um drink de chocolate quente com álcool.
Um dos sócios do estabelecimento, Lucas Zacharias explica que, a cada troca de estação, o bar investe em uma novidade no menu – caldos e sopas, inclusive, já reinaram por lá em anos anteriores.
“Nos inspiramos nas receitas de festas de rua, típicas de quermesse, para fazer esse drink. Ele é bem consistente, tem muito chocolate amargo e cacau, ao mesmo tempo em que tem um toque doce do leite condensado e do licor irlandês Baileys”, disse. “Ele aquece a mão quando se segura a xícara e aquece o corpo por causa do álcool”, finaliza.
O “up” alcoólico também pode ser alcançado com o uso intensificado de alguns ingredientes na hora de montar um coquetel. O mixologista Honório Gonçalves explica que especiarias de sabor marcante, combinadas a bebidas envelhecidas em barril, como uísque, vinho tinto e cachaça, são explorados durante a estação fria.
Uma das novidades podem ser degustadas no Herbário YVY, que fica dentro do Mercado Novo, é o Maçãzinha. O coquetel é feito com gim de produção artesanal mineira, maçã e caramelo.
Sopa de cebola
Receita do Roça Capital
Ingredientes:
500 mL de caldo de suã
150 g de cebola roxa
20 g de manteiga
50 g de queijo do Cerrado
50 g queijo d’Alagoa (seis meses de maturação)
Salsa picada
Modo de preparo:
Em uma panela de ferro, coloque a cebola para dourar em fogo alto, mexendo sempre para não queimar. Assim que a cebola estiver bem dourada, quase queimada, adicione o caldo de suã. Assim que levantar fervura, deixe reduzir até obter uma textura aveludada – se necessário, utilize um pouco de roux (mistura em partes iguais de farinha e gordura) para encorpar. Retire do fogo e tempere com sal e pimenta do reino. Sirva na própria panela de ferro e cubra com o queijo, que deve ser dourado com maçarico. Salpique salsa e sirva com croutons.