Facebook
Twitter
Whatsapp
Recuperar Senha
Fechar
Entrar

Rombo com acidentes é de R$ 75,2 bi | A Revolução do Trânsito

Trânsito e saúde

Trânsito e saúde

Conteúdo multimídia

Confira o conteúdo especial produzido para nossas redes sociais

Rombo com acidentes é de R$ 75,2 bi

Conta é feita com base na renda que deixaria de ser movimentada pelas vítimas; movimento Maio Amarelo tenta reduzir estatística de mortes no trânsito, no qual 32 mil vidas foram perdidas em um ano

Por Izabela Ferreira Alves, 
Queila Ariadne, Rafael Rocha e
Tatiana Lagôa

Especialistas defendem que problemas no trânsito sejam tratados como questão de saúde pública - Foto: Flávio Tavares

Especialistas defendem que problemas no trânsito sejam tratados como questão de saúde pública - Foto: Flávio Tavares

Em tempos de crise econômica e lotação em hospitais em função da pandemia, o trânsito vira um problema a mais para o sistema de saúde brasileiro. A cada dia, pelo menos 61 acidentados foram internados na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais em 2020. Ao todo, 22.550 pessoas ocuparam leitos e geraram gastos para o governo. Foi também o trânsito que matou 2.700 condutores e passageiros de diferentes veículos no Estado, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 

No mundo, 1,35 milhão de pessoas morrem vítimas de acidente a cada ano. No Brasil, foram quase 32 mil mortes só em 2019, segundo o último dado divulgado pelo Ministério da Saúde. Estatísticas que o país tenta e precisa reduzir com o Maio Amarelo, um movimento que, desde 2014, pauta o debate sobre a segurança viária e a necessidade de redução dos acidentes. O tema deste ano é “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito”.  

Nenhuma dessas vidas perdidas tem preço. Mas, levando-se em conta só os 2.700 óbitos registrados em Minas, e considerando a renda que essas vítimas vão deixar de gerar, o rombo chega a R$ 6,34 bilhões. No país, o impacto é ainda maior: R$ 75,2 bilhões. 

A conta é feita com base em um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que estimou que, a cada morte provocada por acidente de transporte no Brasil, R$ 2,35 milhões deixam de ser gerados. As estimativas consideram a idade média da vítima, a projeção de quanto tempo ela viveria e a renda que seria movimentada pelo trabalho e pelo consumo nesse período. 

“Se metade desse valor fosse investida em melhoria do tráfego e em programas de conscientização e treinamento, muitas mortes seriam evitadas, e isso ainda geraria ganhos indiretos, como a liberação de leitos de hospitais para outros atendimentos”, diz o pesquisador da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU e bolsista do Ipea, Paulo César Pêgas Ferreira. 

Para ele, o caminho passa pelo investimento na conscientização dos condutores e na reformulação do custeio. “A maioria dos motofretistas são informais e não têm os equipamentos necessários de proteção. Se tem acidente, eles vão parar no SUS, que é universal. Isso gera sobrecarga no sistema, pois quem quebra o braço ou precisa de uma cirurgia vai para o fim da fila”, afirma.  

Saúde pública 

Por isso, o diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) e coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito, Alysson Coimbra, defende que o trânsito não é um problema isolado. “O trânsito precisa ser tratado como uma questão de saúde pública”, afirma ele. 

Na avaliação de Coimbra, o Brasil considera que é mais conveniente investir no trânsito de maneira curativa do que preventiva. “É um erro, pois se investe mais na reabilitação dos feridos em vez da melhoria da infraestrutura”, conclui. 

Do total das indenizações do DPVAT para mortes em acidentes, 1,3% estavam em ônibus - Foto: Flávio Tavares

Do total das indenizações do DPVAT para mortes em acidentes, 1,3% estavam em ônibus - Foto: Flávio Tavares

Ônibus são mais seguros que veículos individuais 

Das 310,7 mil pessoas indenizadas pelo seguro Dpvat – pago em casos de morte, invalidez permanente total ou parcial em acidentes de trânsito –, apenas 4.120 estavam em ônibus, ou 1,3% do total. 

A menor fatalidade no veículo fez com que o Ministério da Saúde o apontasse como a opção terrestre mais segura em um dos movimentos do Maio Amarelo e leva especialistas a defender como parte da solução da violência no trânsito.  

“É uma questão simples: quanto mais passageiros nos ônibus, menos veículos de passeio teremos nas rodovias, logo, menor risco de acidente. Além disso, os motoristas de transportes coletivos, quando regulares, são mais preparados do que a maioria da população para pegar a estrada. E sem contar que os ônibus precisam seguir uma série de exigências e são fiscalizados, tornando-os mais seguros”, explica o superintendente de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Nauber Nascimento. 

Dados 

Em 2020, as rodovias federais em Minas tiveram 310 acidentes a menos frente a 2019, uma queda de 3,57%. Mas o número de mortos subiu 7%, passando de 669 para 716. “Os acidentes foram mais letais, mas não podemos dizer que foram mais violentos”, diz o porta-voz da PRF no Estado, o inspetor Aristides Júnior. 

Fatalidade 

“Com a pista vazia, as pessoas estão correndo mais. Um acidente em alta velocidade aumenta a gravidade do trauma, por isso temos recebido mais casos graves do que antes”, diz o gerente assistencial do João XXIII, Rodrigo Muzzi. 

 

 

 

Conteúdo multimídia


Núcleo de Projetos EspeciaisJornal O TEMPO - Maio/2021