Caça-Fake
Candidatos ‘derrapam’ em declarações no primeiro debate
Postulantes ao governo de Minas participaram do encontro promovido pela TV Bandeirantes
20/08/18 - 03h00
Os mineiros assistiram na última quinta-feira ao primeiro debate entre os candidatos ao governo de Minas Gerais. O encontro entre Fernando Pimentel (PT), Antonio Anastasia (PSDB), Marcio Lacerda (PSB), Dirlene Marques (PSOL), João Batista Mares Guia (Rede) e Claudiney Dulim (Avante) foi promovido pela TV Bandeirantes. Com isso, a agência de checagem Caça-Fake, um projeto do jornal, entrou em ação para verificar informações ditas pelos postulantes ao Palácio da Liberdade.
O primeiro a se equivocar em uma de suas informações foi o atual governador do Estado, Fernando Pimentel (PT).
Durante um questionamento acerca da valorização dos professores do Estado, o petista afirmou que, no início de seu mandato, “o salário inicial do professor era de R$ 1.400 e hoje é de R$ 2.135”. Na verdade, o salário inicial atual é de R$ 1.982,54, com um abono de R$ 153,10, que na somam totalizam o valor dito pelo governador. Em nota, a assessoria de Pimentel disse que não há erro na fala do candidato, já que a soma do salário inicial e o abono condiz com o valor apresentado pelo candidato no debate.
Mares Guia (Rede) disse durante o debate que “o atual governo herdou uma dívida de R$ 8 bilhões ou R$ 9 bilhões” do governo anterior, o que também não é verdade.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF), o déficit fiscal herdado do atual governo foi de R$ 7,3 bilhões. De acordo com a assessoria de comunicação do candidato, “durante o debate, quem falou em R$ 9 bilhões foi o próprio governador Fernando Pimentel.
Porém, Antonio Anastasia não o contestou. Por isso, o candidato João Batista Mares Guia ponderou entre os dois valores: R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões”.
Em sua participação no debate, Dirlene Marques afirmou que “a crise (de Minas Gerais) foi aprofundada no choque de gestão no governo Anastasia”, o que também não é verdade. O choque de gestão foi realizado no governo Aécio Neves (PSDB). Na época, Anastasia era secretário de Governo. Em nota, a candidata diz que “realmente a crise chega com o choque de gestão de Aécio Neves, porém, com a gestão de Anastasia, ela se agrava”.
Em um dado momento do encontro entre os candidatos ao governo do Estado, o nome do partido Avante para a disputa, Claudiney Dulim, afirma que a Lei Kandir é de 1987. Diferentemente do que disse Dulim, a citada lei, que regulamentou a aplicação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aos Estados e ao Distrito Federal, entrou em vigor em setembro de 1996. Em contato com a reportagem, Dulim disse estar ciente de que a norma é de 1996, mas se confundiu porque ela é uma lei complementar de número 87. “Houve um pequeno equívoco no momento de manusear as informações no debate”, afirmou.
Ao analisar a economia de Minas nos últimos anos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) afirmou que o Estado, “de 2011 a 2017, não cresceu nada na economia, teve zero crescimento”. Não é bem assim. De acordo com dados da Fundação João Pinheiro, houve crescimento entre 2011 e 2013. No entanto, no período de 2014 a 2016, Minas apresentou PIB negativo, o que vai ao encontro da afirmação de Lacerda. Em 2017, o saldo da economia foi de 0,6%. A média, portanto, dos anos a que se refere o candidato é de 0,2%.
A assessoria de imprensa de Lacerda disse que ele recorreu a um estudo do economista e ex-presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Carlos Alberto Teixeira, que afirma que, no acumulado desse período, o PIB do Estado praticamente registrou crescimento zero. Ainda de acordo com a assessoria, “o que o Marcio diz, recorrentemente, é que o PIB cresceu 0,2% entre 2011 e 2017, que é praticamente zero”.
Sobre a política tributária no governo Pimentel, Anastasia afirmou que “tivemos um aumento de mais de 180 impostos no Estado de Minas nesses últimos anos”.
Embora guarde uma relação com a realidade, há uma imprecisão na fala do candidato. O que aconteceu, de fato, durante a administração de Pimentel, foi o aumento do ICMS de 180 produtos.
Em resposta ao Caça-Fake, a assessoria de imprensa da coligação Reconstruir Minas enviou a seguinte nota: “É fato que Pimentel aumentou o imposto de mais de 180 produtos durante seu governo por meio de decreto. Foi esse o sentido da frase, quando se observa toda a pergunta que Anastasia formulou”.