Em Nova Lima, revisão de regras para construção será prioridade

Com o prazo de revisão vencido, o Plano Diretor de Nova Lima, na região metropolitana, elaborado em 2007, tem sido alvo de críticas entre os candidatos que disputam a prefeitura da cidade. A legislação prevê que ele seja revisto a cada dez anos e, mesmo entre os nomes ligados ao atual governo, o consenso é que o plano já deveria ter sido remodelado para atender as necessidades criadas a partir do crescimento do município nos últimos anos. As principais preocupações são as regras para a ocupação do território e para novas construções.

Alguns candidatos também afirmam que o Plano Diretor, da forma como está, beneficia a parte mais rica da cidade, representada pelos condomínios de alto padrão e prédios imponentes nos limites da cidade, deixando de lado a população classe média e baixa renda. 

Se, por um lado, grande parte dos candidatos faz críticas ao atual prefeito por não ter levado adiante a revisão, por outro, o atual vice-prefeito, João Marcelo Dieguez (Cidadania), que concorre na eleição, justifica que a atual gestão priorizou a reorganização da cidade.

“Isso será priorizado no nosso governo se formos eleitos. Precisamos construir um plano que olhe para o futuro, que contribua para a diversificação econômica. Para isso, precisamos de participação popular”, diz.

O Plano Diretor foi aprovado na gestão do ex-prefeito Carlinhos Rodrigues (PDT), que também está na disputa. Ele defende que o texto atendeu as necessidades da época e também coloca a revisão como prioridade.

“Nós fizemos o primeiro. Já passou da hora de revisar. A cidade cresceu nesse tempo. O bairro Jardim Canadá era um abandono há 15 anos. Fizemos estação de tratamento, rede de esgoto, e o bairro explodiu. A estação de tratamento está obsoleta de tanto que o bairro cresceu”, argumenta.

O petista Soldado Flávio de Almeida defende que a revisão é urgente e precisa focar os mais humildes. “Maquia uma parte e esquece as outras. A próxima gestão precisa ter uma visão para o nosso povo. Parar de fazer grandes obras para tentar mostrar que está tudo bem, mas não está. É preciso ainda fazermos o básico”, declara. 

Além de focar o desenvolvimento da cidade, o advogado Wesley de Jesus (DEM) acredita que pontos que ficaram de fora do novo plano da capital podem ser incluídos no de Nova Lima. “Podemos contemplar linhas que ficaram de fora em Belo Horizonte, principalmente na área que é divisa com Nova Lima e que vale a pena a gente se debruçar sobre ela com um pouco mais de cuidado”, pontua.

Centro da cidade

Melhorias para o saneamento básico, da mobilidade urbana e de muitos outros pontos. Os candidatos à Prefeitura de Nova Lima veem na revisão do Plano Diretor a oportunidade para resolver problemas e aparar arestas. A candidata a vice-prefeita pelo PSOL na chapa do UP, Roberta Zanon, aponta que o debate precisa se concentrar nas áreas mais prejudicadas. 

“O que a gente vê na discussão do Plano Diretor é que se tem falado muito sobre a questão dos limítrofes da cidade, com as áreas dos condomínios, e a gente precisa discutir isso a partir da sede, porque é aqui onde os problemas explodem”, aponta. 

Para o candidato Sérgio Americano Mendes (Podemos), faltou pulso da atual gestão para fazer as mudanças necessárias do Plano Diretor. “A gente tem um plano covarde, que favorece a especulação imobiliária e encarece a moradia na cidade. A consequência é que os ‘filhos de Nova Lima’ estão indo morar em outras cidades, porque o terreno aqui no município é muito caro”, lamenta. 

Apesar de o atual Plano Diretor ter sido criado em 2007, o advogado Dr. Juarez (Solidariedade) afirma que pouco dele foi de fato implantado até hoje. 

“Dizem que temos um Plano Diretor muito bom, mas que ele começou a sofrer algumas interferências e diminuiu a qualidade. Começou-se a revisão, mas não chegou ao final. Queremos discutir o Plano Diretor e o esgotamento sanitário que atinge toda a cidade”, pontua Dr. Juarez. 

Entenda o que é o Plano Diretor

São as leis que regem a organização espacial e o uso do solo das cidades, além de propostas para o desenvolvimento econômico local – em curto, médio e longo prazos. O projeto é elaborado pela prefeitura, mas precisa de aprovação da Câmara.

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