
Cápsula de 2,5 cm é opção não invasiva para endoscopia
Microcâmera percorre os 4 m do intestino delgado em até dez horas

Um aparelho de 2,5 cm está transformando o diagnóstico de doenças no intestino delgado. Apresentado como uma alternativa à endoscopia, a cápsula evita o desconforto típico do exame e produz imagens mais detalhadas do intestino delgado do paciente do que o exame tradicional.
O exame é simples. A cápsula é ingerida pelo paciente, e, durante dez horas são feitas de duas a seis fotos por segundo do intestino delgado, que são enviadas a um gravador portátil. Em até 48 horas, a microcâmera é evacuada. Na terceira geração, o equipamento tem 80% de eficácia na avaliação intestinal, contra 35% dos métodos convencionais.
Para a gastroenterologista e endoscopista Daniella Korman, a cápsula é um método não invasivo, indicado para a detecção de doenças inflamatórias e de Crohn, hemorragias, tumores e síndrome polipoide, mas não substitui a endoscopia e a colonoscopia. “Esses dois procedimentos permitem a coleta de biópsias e a retirada de partes do intestino delgado e do cólon”, enfatiza.
A técnica também possui contraindicações. “Pacientes com obstrução no trato digestivo e gestantes correm risco de a cápsula ficar presa às paredes do órgão”, alerta Daniella. Alérgicos ao glúten e usuários de marcapasso também inspiram cuidados. Para esses casos, existem os exames tradicionais, que são invasivos e exigem sedação.
Alternativa. Há nove anos, a aposentada Manoelina Maria Nézio, 83, sofre com sangramentos, mas, apesar de fazer endoscopias e colonoscopias, os médicos não conseguiam descobrir a origem do sangue.
Após economizar para pagar a cápsula, que não é coberta pelo plano e custa R$ 3.600, ela fez o exame em fevereiro. “Com a cápsula, o médico detectou o sangramento e pediu a retirada de 40 cm do intestino delgado. Desde então, não tive mais sangramentos”.
Flash
Origem. Criada por britânicos e israelenses em 1999, a tecnologia da cápsula endoscópica chegou ao Brasil em 2003. Na capital mineira, o aparelho estreou no segundo semestre de 2004. A tecnologia está na sua terceira geração. A atual microcâmera tem bateria de 11 horas de duração.
Preço
Em BH. Três clínicas particulares e o Hospital Felício Rocho realizam o procedimento com a cápsula. Alto custo.
Segundo a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), o exame varia de R$ 2.500 a R$ 6.000 no país. Mais eficaz.
Segundo a endoscopista Daniella Korman, a cápsula consegue avaliar os 4 m do intestino delgado.
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