Descanso

Dormir com smartphone pode prejudicar o sono, dizem pesquisas

Pesquisa mostram que as telas, de qualquer natureza, fazem de tudo, menos ajudar a adormecer; questões ligadas ao estresse produziram um aumento de casos de insônia


Publicado em 28 de fevereiro de 2014 | 03:00
 
 
 
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Você acorda no meio da noite, pega o seu smartphone para ver as horas e vê um alerta. Antes que você perceba, você cai na toca do coelho, do e-mail e do Twitter. Dormir? Esqueça. Bem, eu encontrei uma solução barata: o antiquado despertador. E o meu smartphone foi banido do quarto.

Claro, você pode configurar o seu telefone para o modo silencioso, mas a atração de perambular na madrugada é poderosa. Os pesquisadores do sono dizem que isso não faz bem para a saúde. Você poderia muito bem se levantar e tomar uma dose de café expresso.

“É uma armadilha, uma vez que você pega o telefone, para ver que horas são, para verificar seus e-mails, e para ficar deitado acordado com ansiedade”, disse o dr. David M. Claman, diretor do centro de distúrbios do sono do Centro Médico da Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos. “Se você acordar no meio da noite e checar o telefone, você inevitavelmente ficará frustrado e preocupado com algo que viu, fazendo com que o seu corpo fique tenso”.

Assim, você fica se virando na cama, pensando em um e-mail, um texto ou uma reunião que acontecerá dentro de seis horas.

Claman disse que os smartphones no quarto haviam provocado um aumento das queixas relacionadas ao sono dos seus pacientes. “Para as pessoas que eu atendo com seus 20 e 30 anos, o telefone está se tornando um fator determinante da insônia”, declarou.

Alguns estudos grandes de longo prazo sobre os distúrbios do sono no Reino Unido e na Finlândia constataram que as questões relacionadas ao estresse produziram um aumento da insônia durante a última década. Nos EUA, segundo o Centro Nacional de Pesquisa dos Distúrbios do Sono dos Institutos Nacionais de Saúde, até 40% dos norte-americanos sofrem de insônia em um determinado ano. Entre 10% a 15% têm insônia crônica.

Todas essas interrupções do sono provocam problemas no trabalho. Um estudo de 2011 feito pela Academia Americana de Medicina do Sono constatou que a insônia custa US$ 2.280 em produtividade perdida por trabalhador norte-americano todos os anos. Isso custa a nação até US$ 63 bilhões por ano.

A atração do smartphone é compreensível. O despertador é uma função gratuita. Também é incrivelmente conveniente. Um estudo de 2013 da IDC Ressarce patrocinado pelo Facebook constatou que 44% das pessoas que possuem smartphones disseram usá-lo como despertador. Esse número subiu para 54% para as pessoas entre 18 e 24 anos.

Os fabricantes dos aparelhos estão ajudando a tendência e esperam que esses números aumentem. A maioria dos despertadores novos feitos atualmente é projetada para se casar com um smartphone.

Isso vai de encontro aos anos de pesquisa que mostram que as telas, de qualquer natureza, fazem de tudo, menos nos ajudar a adormecer. Em 2012, o Conselho de Ciência e Saúde Pública da Associação Médica Americana disse que “a exposição à luz excessiva à noite, incluindo o uso prolongado de diversos meios de comunicação eletrônicos, pode atrapalhar o sono ou exacerbar os distúrbios do sono”.

Os pesquisadores do sono dizem que olhar para uma luz azul, que é produzida pelas telas dos smartphones e tabletes, ativa receptores no cérebro que se destinam a nos manter acordados e interferem nos ritmos circadianos do sono. A pesquisa experimental descobriu que, se as pessoas usarem um tablet até duas horas antes de ir para a cama, elas levam uma hora extra para adormecer.

Queridinho

Em 2013, mais da metade dos brasileiros que possuiam algum serviço de telefonia só usava o celular. Esse número cresceu quase 2% em relação ao ano anterior, segundo uma estimativa.

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