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Conheça a joia-arte do designer mineiro Carlos Penna

Ipatinguense é reconhecido pela criatividade em peças feitas com materiais inusitados e ganhou projeção nacional com celebridades como Preta Gil, Vera Holtz e Ludmilla


Publicado em 13 de março de 2023 | 05:04
 
 
 
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Em 2015, o designer Carlos Penna, 33, surgiu na cena de joias e acessórios em Belo Horizonte com um propósito muito claro: muitas experimentações e ousadia em peças que, logo, alcançaram o patamar de joia-arte. Brincos, colares, pulseiras, anéis e outras peças parecem abraçar o corpo por meio de um design semelhante a traços arquitetônicos, DNA presente em todas as peças que confecciona. “Eu sempre acreditei nos processos de criação e numa estética mais livre, acredito muito no traço do trabalho, vamos evoluindo a identidade do trabalho, trazendo referências de tudo aquilo que nos cerca”, disse Carlos Penna. 

A arquitetura não é presente só na construção do design, mas, principalmente, no ressignificado de matérias-primas que cumprem com o papel de desconstruir o estereótipo de que uma peça, para ser considerada joia, precisa ser confeccionada somente em materiais nobres. “A marca sempre desenvolveu uma catalogação de matérias, então, praticamente em todas as coleções, nós tentamos trazer uma matéria-prima nova e uma nova forma de usá-las. Ultimamente temos trabalhado muito com o latão e com o cobre, mas também com nossas ligas metálicas feitas dentro dos nossos processos que foram desenvolvidos para tornar os metais mais maleáveis para a construção das peças”, explica ele sobre o processo.

Borracha, madeira e pedras naturais, além de pregos e vedações de janelas, brita, carvão, grama sintética e até plantas desidratadas, já foram utilizadas na criação das peças. “Eu realmente não tenho preferência por um material específico, gosto de explorar os materiais e entender como funcionam. Dessa forma, todos eles têm a sua importância neste momento de pesquisa e catalogação”, acredita.

O formato orgânico de cada peça, feito à mão, vem não só da arquitetura urbana e das paisagens que cerca o artista no dia a dia, mas também de inspirações nas artes plásticas. Além disso, o designer deixa claro que a sua principal fonte de inspiração é a própria cliente e consumidora do produto. “Penso naquilo que observo que as clientes gostam e no que gostariam de ter ou que ainda nem sabem especificamente que desejam, mas tento ler e traduzir nas peças”, explica Penna. 

Tanto cuidado acabou conquistando muita gente, incluindo algumas marcas que desfilaram no São Paulo Fashion Week (SPFW) – como Misci, Apartamento 03 e Anacê. Só no Minas Trend, evento de moda que acontece na capital mineira, já se foram 156 desfiles em que a Carlos Penna Design esteve presente desde o seu nascimento, em 2015. “Acredito muito nas ‘collabs’ pela troca que tenho com outros criadores e outros públicos. É a minha oportunidade para sair da zona de conforto da marca e explorar outros caminhos. Isso dá um gás a mais para a marca e traz novas linguagens e olhares para as criações”, acredita.

Expansão

Atualmente, a etiqueta alcançou um braço internacional e marca presença em 12 países, como Inglaterra, Espanha, EUA, Argentina, Uruguai, Itália e Áustria. Já a sua produção, do corte ao banho, segue sendo feita em sua fábrica, que fica em Ipatinga, no interior de Minas Gerais. Em dezembro de 2022, também abriu um novo ponto físico em São Paulo, além da loja em Belo Horizonte, no bairro Serra. “Foi muito importante para conseguirmos ter uma troca com o público que já tínhamos por lá e também para alcançar novas pessoas. Sinto que faz muita diferença quando a peça é apresentada ao público, quando podem tocá-las e vesti-las. Priorizo esse contato presencial”, acredita o designer.

Formatos orgânicos e peças gigantes – mas leves como plumas e com um diferencial de serem maleáveis e adaptáveis a todos os tamanhos de dedos e pulsos, conquistaram também celebridades como Ludmilla, Preta Gil, Vera Holtz, Claudia Raia e Pabllo Vittar – só para citar algumas. “É sempre um tanto quanto desafiador pela expectativa que criamos para atender a demanda e pela vontade de suprir os desejos e de entender o universo no qual a peça terá de ser inserida. Então, sempre dá essa adrenalina para a construção funcionar perfeitamente nos ambientes propostos”, disse Penna que, ainda, sonha em ver a cantora irlandesa Björk e a sambista Alcione adereçadas com suas peças.

“Sempre digo que a Carlos Penna vive uma constante evolução, então pauto nossa estética como uma constante evolução mesmo”, finaliza.

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