Esotérico

Gestalt como filosofia de vida

Terapia trabalha sobre os conflitos, resgatando antigas emoções


Publicado em 09 de junho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Viver o aqui e agora, privilegiando o aspecto corporal-emocional sobre o mental, e assumir responsabilidade pela própria vida como um caminho para a realização pessoal e felicidade. Esses são alguns dos preceitos da Gestalt-terapia, fundada por Frederick Perls (1893-1970), partindo de sua experiência com a psicanálise e inspirado em fontes como o zen, o teatro e a análise reichiana.

Essa filosofia chegou ao Brasil por intermédio do chileno Claudio Naranjo, discípulo e um dos sucessores de Perls e que deixou como legado uma Gestalt viva, algo que se aprende pela experiência, um jeito de viver e um processo contínuo de aprendizado e transformação. 

Mas como essa abordagem, que tem como um de seus preceitos a atenção ao presente, pode jogar luz sobre os sentimentos inquietantes durante este período de isolamento social? “O presente é a única realidade possível, já que o passado não existe e o futuro surge como uma projeção imaginária em nossa mente”, comenta o psicólogo Pedro Ramos, diretor do Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo.

Dessa forma, diz ele, “tanto o passado quanto o futuro são vividos internamente como parte do mundo mental que está absorvido em preocupações, projeções, distrações, conflitos constantes que nos roubam a grande joia que está à nossa disposição a cada instante, o potencial de ser, de sentir e agir que nasce do presente”.

Ramos ensina que a Gestalt trabalha sobre os conflitos, resgatando antigas emoções. “Nós nos liberamos de traumas e ressignificamos experiências para, por fim, aprender a viver de forma mais plena e satisfatória no presente ou, usando a linguagem da Gestalt, nos tornando mais conscientes. Quando isso acontece, entendemos como vivemos presos a nós mesmos, como somos roubados a cada instante por nossos conflitos e por um modo de vida que está tentando controlar a vida e preencher o vazio de nossa própria existência”, diz.

Para o terapeuta, a Gestalt é um exercício de fé na sabedoria do organismo, que é a sabedoria da própria vida. “Na tentativa de lidar com o medo e a angústia de não saber de si e também do que vai acontecer, a mente neurótica quer controlar. Ao mesmo tempo em que busca controlar o incontrolável, o futuro e as pessoas, essa mente fica presa aos conflitos e experiências do passado”, diz.

Fazer planos ou ter ideais não é um problema em si mesmo, ao contrário, ajuda o indivíduo a ter uma direção e metas mais claras. “No entanto, não controlamos o curso dos fatos, pois o mapa não é o território. Ele apenas nos orienta aonde queremos chegar, mas não nos ensina ‘como’ chegar”, explica Ramos. 

No caso específico da pandemia, as pessoas percebem que tudo foge ao controle. “Estamos presos às nossas crenças e ideias inconscientes. Os pensamentos, as emoções, as crenças, as sensações, tudo é transitório, como a própria vida está em constante movimento. Basta nos lembrarmos da morte para nos recordarmos de nossa impermanência”, diz o terapeuta.

Viver o aqui e agora, privilegiando o aspecto corporal-emocional sobre o mental, e assumir responsabilidade pela própria vida como um caminho para a realização pessoal e felicidade. Esses são alguns dos preceitos da Gestalt-terapia, fundada por Frederick Perls (1893-1970), partindo de sua experiência com a psicanálise e inspirado em fontes como o zen, o teatro e a análise reichiana.

Essa filosofia chegou ao Brasil por intermédio do chileno Claudio Naranjo, discípulo e um dos sucessores de Perls e que deixou como legado uma Gestalt viva, algo que se aprende pela experiência, um jeito de viver e um processo contínuo de aprendizado e transformação. 

Mas como essa abordagem, que tem como um de seus preceitos a atenção ao presente, pode jogar luz sobre os sentimentos inquietantes durante este período de isolamento social? “O presente é a única realidade possível, já que o passado não existe e o futuro surge como uma projeção imaginária em nossa mente”, comenta o psicólogo Pedro Ramos, diretor do Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo.

Dessa forma, diz ele, “tanto o passado quanto o futuro são vividos internamente como parte do mundo mental que está absorvido em preocupações, projeções, distrações, conflitos constantes que nos roubam a grande joia que está à nossa disposição a cada instante, o potencial de ser, de sentir e agir que nasce do presente”.

Ramos ensina que a Gestalt trabalha sobre os conflitos, resgatando antigas emoções. “Nós nos liberamos de traumas e ressignificamos experiências para, por fim, aprender a viver de forma mais plena e satisfatória no presente ou, usando a linguagem da Gestalt, nos tornando mais conscientes. Quando isso acontece, entendemos como vivemos presos a nós mesmos, como somos roubados a cada instante por nossos conflitos e por um modo de vida que está tentando controlar a vida e preencher o vazio de nossa própria existência”, diz.

Para o terapeuta, a Gestalt é um exercício de fé na sabedoria do organismo, que é a sabedoria da própria vida. “Na tentativa de lidar com o medo e a angústia de não saber de si e também do que vai acontecer, a mente neurótica quer controlar. Ao mesmo tempo em que busca controlar o incontrolável, o futuro e as pessoas, essa mente fica presa aos conflitos e experiências do passado”, diz.

Fazer planos ou ter ideais não é um problema em si mesmo, ao contrário, ajuda o indivíduo a ter uma direção e metas mais claras. “No entanto, não controlamos o curso dos fatos, pois o mapa não é o território. Ele apenas nos orienta aonde queremos chegar, mas não nos ensina ‘como’ chegar”, explica Ramos. 

No caso específico da pandemia, as pessoas percebem que tudo foge ao controle. “Estamos presos às nossas crenças e ideias inconscientes. Os pensamentos, as emoções, as crenças, as sensações, tudo é transitório, como a própria vida está em constante movimento. Basta nos lembrarmos da morte para nos recordarmos de nossa impermanência”, diz o terapeuta.

Lições a serem aprendidas com o isolamento

O aprendizado humano é infinito e constante, comenta o terapeuta Pedro Ramos. “No entanto é preciso ter uma vida interior mais rica e consistente. Vivemos em um mundo governado pelos valores econômicos, recheado de distrações, e sendo impulsionados por motivações inconscientes, na tentativa de preencher nosso vazio existencial. Não conhecemos o suficiente sobre nós mesmos, nossas emoções e comportamentos, e isso se reflete em uma vida sem vida, pouco criativa, sem profundidade”, diz.

Para alguns, o tédio veio com o isolamento social. “Isso porque perdemos o contato com nós mesmos, mas, quando fazemos isso, se abre um mundo de possibilidades e aprendizados conectados com a profundidade da própria existência. A vida passa a ter um sentido mais amplo, ancorado no fato de que existimos para nos desenvolvermos. E, ainda que estejamos isolados fisicamente, estaremos conectados com a própria vida e suas possibilidades criativas, pois só vive isolado de fato aquele não tem a si mesmo. E tendo a si mesmo, certamente você poderá conectar-se com o outro e, assim, com o mundo inteiro, mesmo que a distância”, propõe Ramos. (AED) 

É preciso uma relação mais autêntica com a vida

Claudio Naranjo, mestre que inspira todo o trabalho na Gestalt viva, costumava dizer que “a grande esperança reside no naufrágio desta sociedade enferma, que não conseguiu resolver os problemas básicos da vida e que já não mais se sustenta”. “Daí vem nossa fé na ideia da revolução da consciência. Esta é a mudança que o mundo precisa”, propõe Pedro Ramos.

O terapeuta considera que seria maravilhoso se este momento atual fosse um marco de mudança para o mundo e a sociedade. “No entanto, me contento com a ideia de que alguns indivíduos possam fazer deste momento algo criativo, que impulsione a uma mudança mais profunda. Para sustentar uma relação mais autêntica com a vida, precisamos aprender a ser autênticos. E a autenticidade é um dos pilares da Gestalt”, diz.

Tudo que uma pessoa precisa é ser ela mesma. “Podemos entender que uma pessoa é autêntica quando é verdadeira e alcança a liberdade de ser. E para se ter liberdade interna, é preciso se conhecer o suficiente para saber que temos dentro de nós um inimigo oculto, uma parte que rouba nossa consciência e liberdade. Então podemos trabalhar sobre a sombra para amplificar a nossa luz. Como diz o provérbio sufi, ‘o trabalho sobre si mesmo produz uma doce essência’”, ensina o terapeuta. (AED)

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