Uma nova espécie de preguiça-gigante extinta foi identificada por pesquisadores da PUC Minas, do Canadá e da Argentina. O animal – que teria vivido Brasil há cerca de 20 mil anos, entre o Estado de Minas Gerais e a região amazônica – era do tamanho de um boi, possuía algumas particularidades e recebeu o nome científico de Glossotherium phoenesis.
O estudo sobre a descoberta foi publicado no “Journal of Systematic Palaeontology”. Em entrevista ao portal O Tempo, o pesquisador e paleontólogo Cástor Cartelle Guerra, do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, contou que a descoberta levou mais de 20 anos para ser concluída.
“Ao todo, foram encontrados cerca de 200 fósseis dessa nova espécie, em países como Argentina, Equador e Venezuela. No Brasil, localizamos o maior deles na Bahia e alguns em Minas Gerais, próximo à Belo Horizonte. Precisamos de um bom tempo para analisar todo o material,” afirma o professor, que intensificou os trabalhos nos últimos dois anos e meio.
Diferenças
Segundo Cartelle, duas características peculiares foram identificadas no esqueleto da nova espécie. “Macho e fêmea tinham tamanhos e proporções diferentes em locais como crânio, bacia e fêmur, o que nos permitiu identificar, de imediato, o gênero. Isso não costuma acontecer com outras espécies, como cavalo e égua ou cachorro e cadela, por exemplo”, esclareceu.
Além disso, foram localizados pequenos ossos por baixo da pele da preguiça – que seriam uma herança de antepassados como o tatu e dariam mais proteção ao animal.
O pesquisador explicou que a maior importância na descoberta está nas características intertropicais da preguiça-gigante, diferente das primeiras espécies encontradas no sul da Argentina, e depois nos Estados Unidos, no século XVIII.
“Essa descoberta mostra a adaptação de espécies pelos trópicos. Ela é importante para a ciência porque amplia o conhecimento de algo tão peculiar na América do Sul, que são as preguiças, que têm origem sul-americana, mas migraram para o Norte”, pontua.
Curiosidade
A segunda parte do nome cietínfico recebido pelo animal, “phoenesis”, faz referência ao pássaro fênix que, na mitologia grega, renasce das cinzas. Segundo Cartelle, a escolha aconteceu como homenagem aos funcionários, professores, alunos e técnicos do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, que contribuíram com a recuperação do local após incêndio ocorrido em 2013, que destruiu parcialmente seu acervo.
Original
Esse é o décimo holótipo identificado no país, ou seja, a descrição original de uma espécie, que serve como referência para as novas que forem encontradas posteriormente.