Eles são fofos, carinhosos e fazem a alegria da casa. Mas, apesar de ser o sonho de várias pessoas, ter um animal de estimação exige muitos cuidados. Antes de tomar a decisão de adotar ou comprar um cão ou um gato, por exemplo, é preciso pensar bem e se organizar para que a estadia seja segura e confortável tanto para eles quanto para os demais moradores.
Foi o que fez a dentista Flávia Paiva. Ela adotou duas gatas: a Ciça, de 4 anos, e a Bianca, de 5. A segurança delas sempre foi prioridade. Colocar redes nas janelas foi uma das primeiras medidas que Flávia tomou ao se mudar para o seu novo apartamento no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
“Quando eu decidi mudar de apartamento, a primeira coisa que fiz antes de escolher o imóvel foi perguntar se podia ter animal, e pedi uma empresa para colocar tela nas janelas. Gatos são caçadores, então eles podem pular para olhar qualquer coisa que acontece lá fora. Como estou no sexto andar é perigoso”, diz.
Flávia conta que as gatas têm um cômodo especial só para elas. Esse, inclusive, é o maior quarto da residência e possui brinquedos espalhados pelo chão, arranhador e uma casa de dois andares para as felinas. Para evitar arranhões no sofá, a dentista comprou uma proteção de encaixe que é própria para as unhas das gatas. “É um protetor de canto de sofá feito de sisal, assim elas não arranham o móvel diretamente”, destaca.
Decoração
Ao criar o projeto de decoração da casa, é necessário considerar que não são só seres humanos que circulam pelos ambientes. Alguns cuidados devem ser tomados para evitar que o animal de estimação se machuque ou danifique objetos, móveis e eletrônicos.
“Adeque os objetos decorativos e tenha atenção com aqueles adornos que podem ser quebrados e machucar o animal. Fique atento também às plantas venenosas. Evite prateleiras baixas ou móveis abertos com alimentos (mantenha-os fora do alcance)”, recomenda a designer de interiores Laura Baltazar.
Segundo a profissional, tapetes muito grossos devem ser evitados, assim como os que desfiam com facilidade. Fuja também dos sofás que grudam pelos. “Opte por tecidos impermeabilizados e fáceis de lavar. Capas e mantas são ótimas opções para conservar os sofás”, afirma.
Para facilitar o dia a dia, Laura recomenda pisos de fácil manutenção. “Aposte em pisos com tons neutros para camuflar melhor a sujeira e que sejam fáceis de limpar, como o porcelanato”, diz.
Infância
Quando o animal ainda é filhote é preciso ter paciência. Ele ainda está aprendendo a desenvolver seus hábitos e provavelmente fará mais bagunça, como morder os pés de mesas e cadeiras, fazer suas necessidades por toda a casa e arranhar o sofá. Muitos brinquedos e atividades físicas podem reduzir os contratempos. Com o passar dos meses, o comportamento tende a estabilizar.
Para o xixi, Laura recomenda que seja reservada uma parte da área de serviço ou da varanda para uso do animal. “Se a casa tiver varanda, coloque plantas ou faça um pequeno ‘jardim’. Isso os deixa mais calmos por estarem em contato com a natureza”, pontua.
Raça
Outra coisa a se pensar antes de ter um animal é o nível de agitação dele. Apesar de os felinos se adaptarem bem em apartamentos, muitos cães precisam de mais espaço para gastar a energia. Caso contrário eles poderão descontar a agitação mordendo os móveis.
Se, por outro lado, você tem uma área externa muito grande, é interessante verificar se existem pontos de fuga para evitar transtornos. No caso de quintais com piscina, é preciso ficar atento ao comportamento do animal para saber se ele corre o risco de se afogar.
Animais em condomínios
Até os dias de hoje existe uma grande dúvida sobre a proibição de animais em condomínios. Afinal, o síndico pode proibir a presença de cães e gatos nos edifícios? A resposta é não, desde que ele não ofereça risco a outros moradores.
“Mesmo que a Convenção de Condomínio ou o Regimento Interno possuam dispositivos que proíbam animais no apartamento ou que estipulem limite de tamanho, pois ignoram que um pequeno cão pode perturbar mais que o de grande porte, a vedação só terá aplicabilidade se for comprovado o risco à saúde, ao sossego ou à segurança dos vizinhos”, afirma Kênio Pereira, presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (OAB-MG).
Segundo ele, o morador é proprietário também das áreas de lazer. Assim, seria ilegal e exagerado proibir que ele passeie com seu cão ou gato nas áreas comuns, pois o uso de quadra, jardins e demais locais de descanso é coletivo.
“Portanto, se o animal não causar incômodo como barulho, risco à segurança (lesão corporal com possível mordida) ou à saúde, não pode o síndico impor restrições sem fundamento”, explica Pereira.
Legislação
O especialista destaca que, desde 1964, o art. 19 da Lei 4.591 define que cada condômino tem o direito de usufruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma, segundo suas conveniências e interesses, desde que respeite as normas de boa vizinhança, sendo que poderá usar as partes e coisas comuns (o que inclui a área de lazer), de maneira a não causar danos ou incômodo aos demais moradores, nem obstáculos ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos. O presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG também afirma que o mesmo preceito legal foi reproduzido no Código Civil de 2002, no art. 1.335.
“É universalmente proclamado que o respeito aos animais está diretamente relacionado com o respeito dos homens entre si, o que equivale dizer que o ser humano está mais ou menos preparado para conviver com seus próprios semelhantes na medida em que for capaz de respeitar e reconhecer os direitos dos animais”, conclui Pereira.
Faça login para deixar seu comentário ENTRAR