Arquitetura

O retorno do movimento brutalista

Conceito de simplicidade é mais bem compreendido hoje do que nas décadas em que o estilo foi criado


Publicado em 07 de maio de 2017 | 03:00
 
 
 
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A moda vai e vem. Frequentemente, tendências que marcaram décadas passadas voltam a ser inseridas em obras contemporâneas, repaginadas em conceitos modernos ou simplesmente replicadas tal como eram originalmente. Fato é que o antigo, muitas vezes, é um dos pilares para a construção do novo.

Nesse contexto, renasce a arquitetura brutalista. “A expressão brutalismo surgiu entre os anos de 1950 e 1960 e deriva do termo ‘béton brut’, que pode ser traduzido por ‘concreto bruto’. O cenário mundial da época é o pós-Segunda Guerra, marcado pela experimentação na reconstrução das cidades europeias. Assim, a arquitetura busca novas formas mais apropriadas de conceber o espaço e encontra na estrutura a verdade e a pureza da forma”, explica Tales Pimenta, arquiteto do escritório Piacesi Arquitetos Associados.

O profissional ressalta que, naquela época, as obras começaram a demonstrar a beleza da ‘honestidade arquitetônica’. “Construções imponentes, econômicas e arquitetura funcional contribuíram para a reconstrução das cidades europeias devastadas. Na Europa, a beleza e a ornamentação ficavam em segundo plano. No Brasil, os projetos buscavam elegância nas formas, atentos às proporções e aos desenhos”, compara.

Características. A presença do concreto, as vigas aparentes e a monumentalidade das edificações são alguns dos atributos do estilo, que pode ser adotado tanto em imóveis residenciais quanto comerciais. “A simplicidade das formas é o ponto-chave para qualquer ambiente. Menos ornamentação, textura de concreto, madeira, vidros transparentes e estruturas metálicas são elementos essenciais para quem deseja trabalhar com esse conceito”, ressalta Pimenta.

Atualidade. O arquiteto explica que atualmente as pessoas estão mais preparadas para esse tipo de arquitetura. “As necessidades e prioridades hoje em dia são outras e as pessoas conseguem ver isso com mais clareza, aderindo ao conceito do menos é mais. As formas simples, a permeabilidade e o ar industrial são hoje valorizados principalmente na arquitetura de interiores”, diz. 

Segundo Flávia Gamallo, do escritório CoGa Arquitetura, a funcionalidade é uma das bases do brutalismo. “O estilo se preocupa intensamente com a funcionalidade do espaço e a economia gerada pela não maquiagem de elementos estruturais das edificações. Por isso, deve-se ter um cuidado extra para não deixar os ambientes frios demais”, alerta.

Para Fabiana Couto, também do CoGa, tanto em projetos comerciais quanto em residenciais, o uso de peças com madeira e cor é bem-vindo para quebrar a rigidez e a frieza estrutural.

Brasil. Grandes edificações seguem o estilo país afora, como o Museu de Arte Moderna (RJ), o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o SESC Pompeia  (SP) e o Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.

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