Materiais de plástico e restos de cigarro representam mais de 90% dos resíduos encontrados no ambiente marinho brasileiro, segundo diagnóstico divulgado ontem pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Ambos correspondem a 52,4% e 40,4%, respectivamente, do total de objetos coletados.
Dados internacionais mostram que, no exterior, os materiais plásticos também são os mais recolhidos em ambientes marinhos (45,5%), seguidos das bitucas e filtros de cigarro (28%).
Todos os anos, cerca de 2 milhões de toneladas de resíduos no país vão parar nos oceanos, segundo levantamento da Abrelpe a partir dos dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2017. Esse volume equivale a cobrir 7.000 campos de futebol ou encher 30 estádios do Maracanã da base até o topo.
O estudo aponta ainda que as áreas de ocupação irregular, os sistemas de drenagem e a orla das praias são as principais fontes de vazamento de lixo para o mar. Para o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, a partir do diagnóstico, é preciso desenvolver ações para evitar a poluição do mar.
“O primeiro ponto que a gente percebe é que muitos desses resíduos vêm das áreas de ocupação irregular, então esse seria o ponto de atenção prioritária que deve ser verificado no sentido de disponibilizar melhor infraestrutura de coleta desses materiais, além de engajar a população para que realmente esses resíduos não sejam lançados no mar”, disse.
Ele ressalta que é necessário oferecer também melhor infraestrutura de coleta nas praias, para que usuários não joguem resíduos na areia.
Da terra
A entidade apresentou indicadores internacionais mostrando que 80% do lixo marinho têm origem no ambiente terrestre. Diante disso, a Abrelpe abriu edital para selecionar e trabalhar em parceria com quatro municípios da costa brasileira visando evitar a poluição do mar.
No Brasil, são 274 municípios costeiros que podem ser fonte de poluição marinha. “Há um grande volume de resíduos gerados diariamente sem destinação adequada no Brasil e acaba sendo abandonado nas vias públicas, depositados em lixões, em áreas de preservação, e termina no mar, causando todo tipo de contaminação”, disse Silva Filho.