De ontem (dia 4) até o próximo dia 10 acontece uma semana cósmica que tem seu ápice no dia 7, quando ocorre a lua cheia de maio, conhecida em todo o mundo como “Wesak”, e é também época em que se comemora a iluminação de Buda. Não se trata de apenas um evento astrológico, mas individual e que pode ser transformador para cada um daqueles buscadores que têm o compromisso com sua evolução espiritual.

Quem explica o evento é Oscar Quiroga, psicólogo, astrólogo e diretor do portal OsUnicOs.com.br, que será lançado em junho. “Todas as vidas infinitesimais, desde um vírus até as de grandezas incomensuráveis, como buracos negros e galáxias, provêm de uma única vida maior, a vida de todas as vidas, e nela permanecem enquanto existem e nela se desenvolvem, conquistam experiências e depois retornam à vida original, enriquecidos com as suas experiências”, diz.

Quiroga observa que “a vida de todas as vidas é o ser sem princípio nem fim, eterno, que mora preso no centro de nosso coração”. “Todos os processos de meditação têm por objetivo conectar o intelecto, a emoção e o corpo físico com a vida de nossas vidas no centro de nosso coração. Isso acontece por esforço individual e intencional no caso do ser humano e também por alinhamentos cósmicos”, diz.

Segundo ele, não apenas nesta semana, mas em todas as luas cheias de maio de todos os anos, acontece o Wesak, “quando há um alinhamento da Terra, do Sol e da Lua com as sete estrelas da constelação de plêiades, especialmente Alcione, o sol central de onde emana a vida de todas as vidas e a busca por um contato com cada existência infinitesimal e individual, como nossa espécie humana, único reino que é composto por entidades únicas”.

Para Quiroga, isso complica muito nossa experiência, “porque não conquistamos naturalmente a ideia grupal e a necessidade de interconexão”. “Só chegamos a esse ponto por necessidade, porque vamos nos iluminando e nos esclarecendo ao longo do tempo. Uma das importantes preparações para esta lua cheia que acontece na noite de quarta (dia 6) e o dia de quinta (dia 7) deve ser em conjunto, e não individualmente, fazendo as pazes com as pessoas com as quais desenvolvemos relacionamentos significativos, importantes, porque, assim como disse o mestre Jesus, ‘quando dois ou mais de vocês se unirem em oração, Eu estarei presente’”, ensina o astrólogo.

Ele ressalta a importância do entendimento. “Quando agimos em conjunto, a vida de nossas vidas se presentifica. Essa preparação de hoje até amanhã, quando a lua está crescendo no signo de libra e se aproximando da fase cheia em escorpião (quarta e quinta), é quando o corpo transborda de vida mais abundante', diz.

E prossegue: "Se mantemos relacionamentos minimamente harmonizados, essa energia vai circular produtivamente, mas, se estamos dando facadas, cotoveladas e dedadas no olho o tempo inteiro, porque não aguentamos mais nem a nós mesmos, quanto mais as pessoas que nos são próximas, isso se transforma em irritação, intimidação, medo, angústia, e isso sempre degringola em violência. Não precisamos mais disso. Está na hora de nos tornamos transparentes para que a vida de nossas vidas circule com força através de nós e nossos relacionamentos”.

Sexta, sábado e domingo são dias em que o indivíduo vai sentir os benefícios da lua cheia. “Estaremos superenergizados e contaminaremos positivamente todas as pessoas com as quais nos relacionamos: as semelhantes, as diferentes, as que gostamos, as que detestamos, todas merecem participar da vida de nossas vidas, e nenhuma há de ser excluída”, propõe o astrólogo.

Na nova normalidade que teremos após esse tempo, “será responsabilidade da humanidade deixar para as futuras gerações novas tradições e nos unificarmos”. “Precisamos começar a criar mecanismos de interdependência, porque a saúde, que é o nosso tema principal da atualidade, não é uma experiência individual. Enquanto no planeta Terra existirem focos e lugares onde a humanidade é degradada sistematicamente, desprezada, jogada no desamparo, nenhum de nós poderá desfrutar de saúde completa”, alerta Quiroga.

“Somos uma espécie feita de seres únicos, originais e individuais, mas isso não nos salva de sermos humanos. Somos afetados por aquilo que fazemos conosco, com aqueles com os quais nos relacionamentos e com a humanidade inteira. ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’ não é uma frase à toa e não é exclusiva do cristianismo. Ela existe na raiz de todas as religiões e é o reconhecimento da comunhão”, ensina o astrólogo.

Ele sugere que, pelo menos uma vez ao ano, na lua cheia de maio, na polaridade touro/escorpião, a humanidade se dedique a experimentar essa comunhão. “A aceitar que o que depositamos na humanidade por meio de nossos relacionamentos é boa ou má influência que se irradia pelo reino humano inteiro. E não se trata de ser bom ou mau. Nenhum santo foi completamente santo, assim como nenhum ser maléfico é incapaz de ter bondade”, comenta.

Quiroga explica que os humanos são todos feitos de emoções, pensamentos e biologias ambíguas. “Temos que administrar essa ambiguidade. Ela não é um defeito de fábrica, mas nossa capacidade de transitar com naturalidades por todos esses contrastes que percebemos e de transformar isso em uma base criativa para que as potências cosmogônicas que têm origem na vida de todas as vidas se expressem através de nós, como bondade, beleza, criatividade e verdade”, diz

O ritual budista

O significado de Wesak remonta à época de Buda e sua mensagem de paz universal para a raça humana. Wesak é o nome antigo para o mês lunar indiano da primavera, que corresponde ao outono no Hemisfério Sul. Pela tradição budista, o Buda histórico, Shakyamuni, nasceu, se iluminou e morreu na lua cheia de Wesak, no século 5 a.C.

“Esta é a data mais importante do calendário budista em que se celebram esses três acontecimentos da vida do príncipe Sidharta Gautama. Na cerimônia, adeptos e simpatizantes oferecem flores, simbolizando a impermanência dos acontecimentos humanos; velas, simbolizando a iluminação; incensos, chás, frutas e doces como provas de amor. Cantamos sutras em homenagem ao Tataghata (um dos nomes do Buda)”, explica a monja Mariângela Ryosen, do espaço de mediação Honin Zendo, que sugere que as pessoas possam fazer em casa seu próprio ritual para alcançar bênçãos e agradecer o legado de Buda.

AGENDA: Hoje, às 19h15, o monge Daniel Seiwa fará uma live com meditação e práticas voltadas para o festival de Wesak: https://youtu.be/RG-_52uHEvo