Infância

Pais conversam só 46 minutos sobre cibersegurança com filhos

Apesar do pouco tempo, 93% dizem se preocupar com ameaças do mundo online; pesquisa foi feita com 9.000 adultos com filhos entre 7 e 12 anos em 20 países


Publicado em 29 de setembro de 2019 | 06:00
 
 
 
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Manter o filhos protegidos de qualquer ameaça vinda do mundo online é preocupação para 93% dos pais. No entanto, durante toda a infância, os pais só conversam com seus filhos sobre segurança na internet por apenas 46 minutos (média global). Os dados são de um estudo encomendado pela empresa internacional de cibersegurança Kaspersky, para investigar tendências, práticas e desafios da segurança infantil na internet.

Segundo a opinião dos pais, as ciberameaças mais perigosas são o acesso a conteúdos impróprios como sexo ou violência (24%), vício na internet (31,7%) e  mensagens ou conteúdo de anônimos incentivando atividades violentas ou impróprias (15%). A pesquisa foi feita com quase 9.000 pais de crianças com idades entre 7 e 12 anos, e englobou 20 países em todas as regiões do mundo, incluindo o Brasil.

Para quem tem dois filhos com idades diferentes, como a mãe Daniela Abras Terra, 40, com Henrique, 11, e Beatriz, 15, a preocupação é dobrada. “Eles acessam a internet desde muito cedo, e antes eu achava lindo, mas os pais são ingênuos e não sabem o quanto isso pode ser perigoso. Por mais que eu esteja em cima deles, eles conseguem me driblar o tempo inteiro”, diz. 

 

Estar junto com a criança quando ela está aprendendo a navegar na internet e nas redes sociais é obrigação de todos os pais, segundo a gerente regional de marketing de consumo da Kaspersky, Juliana Mattozinho. “Dedicar um tempo para tratar assuntos específicos vai depender da maturidade da criança. Mas também existem conversas sobre temas da moda. Neste ano tivemos o ressurgimento da Momo, e este é um ótimo exemplo de situação em que os pais deveriam ter sentado com seus filhos e explicado a situação, em vez de se desesperarem”, afirma.

Daniela diz que aproveitou a onda da “Baleia Azul” e outros desafios mórbidos do universo online para conversar com os filhos. “Quando essas coisas foram chamando atenção, eu fui pegando o gancho e introduzindo o assunto. De uns quatro anos para cá, a gente conversa mais sobre isso, pois eles estão mais assíduos no mundo virtual”, conta.

Ainda de acordo com a pesquisa, nove em cada dez crianças com idades entre 7 e 12 anos têm um dispositivo conectado à internet. Em particular, quase dois em cada três pais brasileiros (66,2%) concordam que os filhos passam tempo demais conectados. “Eles (os pais) podem começar dando o exemplo e incentivando seus filhos a passarem mais tempos com eles”, afirma Juliana.

Dados do Brasil

  • Pais: 62,6% dos entrevistados disseram que investiram menos de 30 minutos falando sobre segurança na internet, ou seja, metade do tempo de uma aula escolar padrão.
  • De todos os perigos pesquisados, os mais comuns são salas de chat (75,93%) e conteúdo adulto (59,04%).

Famílias e escolas

Com os pais muitas vezes perdidos sobre como abordar o assunto, a pesquisa mostra que 75% deles, no Brasil, consideram que instruir sobre segurança online é uma responsabilidade conjunta entre eles e as escolas.
Para a mãe Daniela Abras, contar com a ajuda da escola foi fundamental para que muitos pais entendessem os perigos do mundo virtual.

“Além disso, eles passam a manhã inteira na escola”, afirma. Recentemente, a instituição em que os filhos de Daniela estudam promoveu uma série de atividades e palestras, inclusive para os pais, sobre a segurança na internet, com especialistas no assunto e profissionais da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte.

“Para as crianças e adolescentes, eles falaram sobre os riscos da exposição e de conversar com quem não se conhece e, para os pais, eles deram dicas e apresentaram ferramentas que podem auxiliar a monitorar o que os filhos estão acessando”, disse a diretora pedagógica do Colégio ICJ, Aparecida Nicolai.

A demanda da atividade surgiu diante do mau uso dos grupos de WhatsApp de turmas. As palestras deram tão certo que a atividade será incorporada ao calendário escolar. “Pelo menos uma vez por semana precisamos conversar com os filhos sobre o uso da rede social, porque nós somos o exemplo: família e escola”, diz Aparecida.

Por outro lado, segundo a gerente da Kaspersky, Juliana Mattozinho, a maioria dos pais (95,5%) acredita que eles mesmos têm condições de educar. “Essa responsabilidade não pode ser delegada para outros”, diz. 

Segundo a psicóloga Emma Kenny, “é fundamental ter equilíbrio, afinal, uma criança informada é uma criança segura”.

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