Distúrbio

Pregorexia, um transtorno alimentar que afeta grávidas

Principal sintoma é a ânsia de manter-se magra ou de não ganhar peso durante a gestação


Publicado em 31 de agosto de 2017 | 03:00
 
 
 
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Quem pensa que os distúrbios alimentares são exclusivos de adolescentes ou celebridades está muito enganado. Um dos períodos mais importantes na vida de uma mulher, a gravidez também pode ser cenário para o desenvolvimento desses transtornos.

A pregorexia é um distúrbio alimentar derivado da anorexia que acontece exclusivamente com mulheres grávidas. É provocada principalmente pela ânsia de manter-se magra ou, pelo menos, de não aumentar muito de peso durante a gestação, evitando a ingestão de alimentos calóricos ou buscando alternativas de eliminá-los do corpo.

Ainda pode envolver distorção da imagem corporal e prática excessiva de exercícios físicos. Esse transtorno costuma afetar as mulheres muito exigentes com sua aparência e também aquelas com problemas de autoestima.

Outro grupo vulnerável, segundo a psicóloga Sarah Lopes, é formado por mulheres que têm algum histórico de distúrbio alimentar. “São pessoas que foram diagnosticadas, em algum momento da vida, com anorexia ou bulimia. O processo pode ser desencadeado de novo durante o período de gestação. De fato, são o maior grupo de risco”, aponta.

Nesse caso, a atenção se torna dobrada. A psicóloga Luciana Rocha, do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal e fundadora do blog Tons de Maternidade, explica que o sinal de algum distúrbio em outro momento da vida faz com que o aumento de peso durante a gravidez seja visto uma grande ameaça.

“A preocupação excessiva com a balança, inclusive nesse período, pode levá-las a tomar decisões que afetam sua saúde e a do feto”, alerta a psicóloga.

Peso na consciência. A blogueira Roberta Santos, 34, desenvolveu pregorexia quando engordou apenas 7 kg na gestação da filha caçula, hoje com 2 anos. “Eu estava bem acima do peso e passei a me preocupar de maneira exagerada com isso. Deixava de comer alimentos mais gordurosos e sempre de olho na balança”, afirma. Roberta, que tem outra filha de 11 anos, conta que só foi saber do diagnóstico correto pouco tempo atrás. “É algo sério, que precisa ser conversado com as mães e com os profissionais da saúde”, diz.

É importante reconhecer que o aumento de peso é consequência natural desse período, explica o ginecologista Arthur Fontes, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa).

Ele aponta que, em uma gravidez saudável, é recomendado ganhar de 8 kg a 12 kg. “É comum que a mulher ganhe mais peso do que isso no início da gestação, mas, com acompanhamento nutricional adequado, ela pode terminar a gestação com menos peso do que iniciou e permitir que o bebê cresça com o peso apropriado”, conclui o médico.

Segundo a psicóloga Sarah Lopes, o tratamento da pregorexia é feito pelo obstetra em parceria com nutricionista e psicólogo, a fim de ajudar as futuras mães e os bebês a passar de forma saudável pelas gestações.

Mundo. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH, na sigla em inglês) de 2015, cerca de 70 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem de algum tipo de transtorno alimentar.

Preocupação em excesso atinge 25%

Uma pesquisa britânica realizada pela University College London (UCL) e divulgada no “Daily Mail” revelou que um quarto das mulheres grávidas entrevistadas mostra preocupação excessiva com seu peso e boa forma, sendo que 7% delas sofrem de transtornos alimentares nos três primeiros meses da gravidez.

O estudo, realizado com 700 mulheres grávidas, mostrou, ainda, que 2% das participantes se exercitavam excessivamente para não ganhar peso e ficavam em jejum prolongado. Além disso, induziam o vômito ou abusavam do uso de laxantes e diuréticos para acelerar a eliminação dos alimentos. Por outro lado, a pesquisa revelou que também uma parte delas disse que comia demais e perdia o controle da alimentação ao menos duas vezes por semana.

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