Cada vez mais, as pessoas utilizam a internet para buscar palavras de seu interesse, principalmente aquelas voltadas para o conhecimento. Com os cientistas não é diferente. Nos últimos anos, houve um crescimento na procura realizada por eles atrás de determinados termos. Os sites mais utilizados, nesses casos, são o Scopus (banco de dados de jornais e de revistas acadêmicos) e o Google.
De acordo com professor da USP Alexandre Chiavegatto, diretor do Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (Labdaps), isso ocorre porque esses profissionais estão começando a enxergar a importância da internet nas suas pesquisas.
“A cada dia, surgem novos bancos de dados que oferecem informações diversas, completas e com fontes seguras. Quem usa essas ferramentas, geralmente, são cientistas que querem se manter atualizados em suas respectivas áreas ou que querem investigar novos assuntos”, afirma.
Mais procurados. Um levantamento divulgado pelo periódico científico “Nature”, com base em dados do Scopus, serve como reflexo da análise do professor da USP. Palavras como “câncer”, “infarto”, “coração”, “inteligência artificial” e “big data” (análise e a interpretação de grandes volumes de dados de enorme variedade) estão entre as dez primeiras posições de busca do site.
Em 2017 e 2018, por exemplo, o termo “câncer” está na liderança. “Big data” saiu da sexta para a terceira posição, e “inteligência artificial”, que nem aparecia na lista, ocupou o quarto lugar. Apesar de terem caído no ranking, as palavras “coração” e “infarto” permanecem entre as primeiras colocadas.
Nos dois últimos anos, diz Chiavegatto, houve um “boom” na busca por termos ligados à saúde e à tecnologia, e ele explica o porquê disso. “À medida que a sociedade avança, é natural que busquemos informações sobre questões que envolvem todos nós ”, diz. “Câncer, infarto e coração, por exemplo, estão ligados às maiores causas de morte em todo o mundo, o que torna natural a demanda de procura. Já big data e inteligência artificial são tecnologias que vem sendo empregadas cada vez mais nos meios acadêmico e científico”, explica.
Para o especialista, esse é um caminho sem volta: “Estamos no começo ainda, mas será um fenômeno parecido com o uso do computador nos anos 80: algo improvável hoje, mas que será indispensável amanhã. Já é impossível não associar a internet a todas as coisas”, afirma.
Histórico. Para quem quiser matar a curiosidade sobre outros termos buscados, o Google oferece uma ferramenta. Ela está situada na área “principais termos científicos pesquisados”.
Estudo. De acordo com o histórico de buscas do Google, os cinco principais termos de pesquisa científica em 2018 foram todas as equações e constantes simples, como a velocidade da luz ou a área de um círculo.
Tecnologia e saúde de mãos dadas
As previsões do professor Alexandre Chiavegatto para as buscas de palavras por cientistas incluem a atuação constante da inteligência artificial e da big data na saúde. “Os dados e as informações presentes no sistema de big data não têm valor se não são extraídos e utilizados. Nesse momento, a inteligência artificial entra com a capacidade de modelar a complexidade de diversos fatores e oferecer a melhor decisão para determinado problema”, frisa.
Na saúde, essa parceria tecnológica existirá, principalmente, no diagnóstico precoce de doenças. “Com uma maior quantidade de dados, a inteligência artificial conseguirá oferecer uma opção de tratamento personalizado com base nas informações de cada paciente”, afirma.
Segundo Chiavegatto, isso evitará, por exemplo, que sejam feitas intervenções médicas ou cirúrgicas genéticas que podem levar ao óbito. “A expectativa é que a ação seja maior em doenças mais complexas”, diz.
‘Câncer’ é o termo mais buscado por cientistas
Levantamento da ‘Nature’ apontou as palavras mais pesquisadas
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