Saúde

Alerta: tuberculose multirresistente mata 50% dos infectados

Entidade calcula em 558 mil as pessoas com a doença no mundo


Publicado em 09 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Nova Délhi, Índia. A tuberculose multirresistente, tão mortal quanto o ebola e difícil de tratar inclusive nos melhores hospitais, é uma ameaça mundial crescente, alerta Peter Sands, diretor do Fundo Global de Luta Contra Aids, Tuberculose e Malária, em uma entrevista à AFP.

A tuberculose multirresistente, com uma taxa de mortalidade de 50%, comparável à do ebola, só é diagnosticada em um quarto dos casos e é extremamente difícil de tratar. “Se pensarmos nas ameaças ao risco sanitário mundial, aqui a luz vermelha teria de ser acesa”, advertiu Sands em Nova Délhi, onde houve nesta sexta-feira (8) uma reunião preparatória para a próxima conferência trienal de financiamento do Fundo Mundial.

Esse organismo, criado em 2002 como uma colaboração entre poderes públicos, sociedade civil, setor privado e pacientes, se preocupa especialmente com os casos de tuberculose resistente aos antimicrobianos, calculados em 558 mil no mundo.

Essa doença “não conhece fronteiras nem precisa de visto. (...) Por enquanto, cerca de 25% destes 558 mil casos estão diagnosticados e em tratamento”, afirmou Sands, que dirige o Fundo Mundial desde o ano passado.

O número de mortes devido à Aids e à malária diminuiu aproximadamente pela metade desde o início do século. A tuberculose, atualmente a doença infecciosa mais letal no mundo, com 1,3 milhão de mortos por ano (exceto coinfecções por HIV), causou em 2016 cerca de 20% de mortos a menos que em 2000.

No entanto, esses avanços continuam sendo modestos demais tendo em vista o objetivo de erradicar essas três epidemias antes de 2030 – prazo fixado pela ONU.

O risco de descuido das autoridades de saúde, a estagnação dos investimentos de ajuda internacional dedicadas à saúde e o desenvolvimento de formas de doença resistentes aos tratamentos poderiam frear os avanços conseguidos até agora e levar a um aumento das epidemias.

Coca-cola e remédios

Nesse contexto, o Fundo Mundial busca conseguir US$ 14 bilhões para o período 2020-2022, ou seja, 1,8 bilhão a mais que a soma alcançada para 2017-2019. Um orçamento totalmente insuficiente, segundo as ONGs.

Em vários países africanos, o Fundo Mundial usa a poderosa rede de distribuição da Coca-Cola para fornecer remédios a clínicas isoladas. “Nos lugares mais remotos da maioria de países, você pode encontrar uma Coca-Cola, não? Utilizar seus caminhões, sua rede de abastecimento, nos ajuda a transportar remédios a lugares onde as pessoas precisam deles”, explica Sands.

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