Pico de criatividade do cérebro pode ser atingido após os 50 anos

O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart escreveu a sua primeira sinfonia aos 8 anos de idade. O magnata Bill Gates fundou a Microsoft aos 19. O cinegrafista Orson Welles lançou “Cidadão Kane” aos 25. Mas se você já passou da casa dos 20 anos e ainda não produziu a sua obra-prima, não se desespere. Segundo pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, é por volta dos 50 anos que o cérebro humano atinge um segundo pico de criatividade – o primeiro é justamente aos 20 anos.

O estudo, publicado na revista científica holandesa “De Economist”, analisou 31 ganhadores do Nobel de economia e os dividiu entre pensadores conceituais e experimentais. Os autores, Bruce Weinberg e David Galenson, já haviam analisado criatividade de artistas, poetas e cientistas sob a mesma ótica em uma pesquisa anterior.

Os cientistas argumentam que os pensadores conceituais são aqueles que buscam comunicar ideias e emoções específicas e, por não estarem ainda sob forte influência de teorias amplamente aceitas, conseguem pensar “fora da caixa” com maior facilidade. Esse pico de criatividade conceitual é atingido então por volta da segunda década de vida.

Já o segundo grupo, dos pensadores experimentais, é formada por aqueles que acumulam conhecimento por toda a carreira e, por tentativa e erro, acabam chegando ao ápice da inovação quando estão mais velhos. “Atingir o pico de atividade mais cedo ou mais tarde na carreira depende se você usa uma abordagem conceitual ou experimental”, afirmou Weinberg em entrevista ao site oficial da Universidade de Ohio.

Para o cientista, o estudo ajuda a jogar por terra o preconceito de que pessoas mais velhas têm maior dificuldade em gerar ideias inovadoras. “Muita gente acredita que criatividade é exclusivamente associada com a juventude, mas isso depende do tipo de criatividade que estamos falando”, disse ele. Para Weinberg, jovens que sentem que não realizaram o suficiente em suas carreiras devem ter em mente que há, ainda, um longo caminho pela frente.

Ápice. De acordo com a pesquisa, os pensadores conceituais atingem o pico de criatividade aos 25 ou aos 29 anos. Nos experimentais, esse ápice também ocorre em dois momentos: aos 57 e aos 55.

Evidências ou equações são determinantes

Para produzir o estudo, os cientistas da Universidade de Ohio, que também são economistas, dividiram os vencedores do Nobel de economia em uma lista dos mais experimentais para os mais conceituais.

O ranking separou em conceituais ou experimentais algumas características específicas e objetivas do estudo ou artigo mais importante do economista em questão. Os conceituais, por exemplo, se baseavam mais em equações matemáticas. Os experimentais, em evidências empíricas.