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Uma em cada 5 mulheres foi agredida pelo companheiro

ONU recomenda ações contra a desigualdade de gênero em casa, local de ‘profunda insegurança’; é preciso garantir os direitos delas e reconhecer famílias em sua diversidade


Publicado em 26 de junho de 2019 | 06:00
 
 
 
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Quase uma em cada cinco mulheres com idades entre 15 e 49 anos no planeta foi vítima de violência física ou sexual de seus companheiros nos últimos 12 meses. O alerta é feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres no relatório “O Progresso das Mulheres no Mundo 2019-2020: Famílias em um Mundo em Mudança”, divulgado nesta terça-feira, 25.

O relatório, dividido por continentes, mostra que a maior porcentagem foi registrada na Oceania (sem Austrália e Nova Zelândia), com 34,7% (uma a cada três mulheres). A menor, por sua vez, foi registrada na Europa e na América do Norte, 6,1% (uma de cada 16). A Oceania é seguida pelas partes central e sul da Ásia, com 23% de mulheres agredidas, África, com 21,5%, e pelo norte da África e pela Ásia oriental, com 12,3%. A América Latina e o Caribe respondem por 11,8% dos casos, enquanto o Leste e o Sudeste da Ásia totalizam 9%.

O documento ressalta ainda a diversidade familiar. De acordo com os dados da ONU Mulheres, só 38% das famílias no mundo são formadas por um casal com filhos, enquanto as ampliadas – com outros parentes, como avôs – representam 27%.

As famílias monoparentais (8% do total) são na grande maioria lideradas por mulheres, e cada vez há mais famílias formadas por casais homossexuais.

“A partir das nossas pesquisas e das provas que dispomos, sabemos que não existe uma forma de família ‘normal’ e que, de fato, nunca existiu”, destacou a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka. “Este relatório desafia esse movimento, demonstrando que as famílias, em toda a sua diversidade, podem ser defensoras cruciais da igualdade de gênero toda vez que as pessoas responsáveis de tomar decisão promovam políticas genuinamente baseadas nas formas atuais de vida, estabelecendo um lugar central aos direitos das mulheres.”

O texto faz oito recomendações (veja quadro) para garantir políticas para responder às necessidades dos seus membros mais vulneráveis, especialmente mulheres e meninas, já que as famílias são “locais de profunda insegurança” para elas e também onde existem mais riscos de elas sofrerem agressões.

Segundo a ONU, as leis deveriam ser reformuladas para reconhecer os direitos das mulheres no casamento, no divórcio e na custódia dos filhos, de forma que tenham maior e melhor garantia para sair de situações violentas ou abusivas.

O relatório sugere diferentes campos nos quais avançar para se adaptar a estes tempos em transformação. Entre eles, criar leis familiares baseadas na diversidade e na igualdade de oportunidades, assegurar a igualdade de gênero e serviços bons e acessíveis de apoio a famílias, garantir o acesso feminino a uma renda independente dos homens e diminuir as diferenças no tempo dedicado às tarefas domésticas, majoritariamente feitas por elas.

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