Resultado abaixo do esperado

Vacina contra Covid-19 da Sanofi e GSK é adiada para fim de 2021

Programa foi 'adiado para melhorar a resposta imunológica nas pessoas mais velhas'


Publicado em 11 de dezembro de 2020 | 07:54
 
 
 
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Os laboratórios Sanofi e GSK, francês e britânico respectivamente, anunciaram nesta sexta-feira (11) que sua vacina contra a covid-19 não ficará pronta até o fim de 2021, depois de resultados abaixo do esperado nos primeiros testes clínicos, um revés na campanha contra a pandemia.

O programa foi “adiado para melhorar a resposta imunológica nas pessoas mais velhas”, afirmaram as empresas em um comunicado.

Os dois laboratórios esperam disponibilizar a vacina no quarto trimestre do próximo ano. O plano original era apresentar um pedido de licença no primeiro semestre de 2021 e disponibilizar um bilhão de doses.

A Sanofi, que está desenvolvendo a vacina em parceria com a GSK - que fornece o adjuvante - havia informado recentemente que esperava iniciar os últimos testes em humanos (fase 3) no fim de dezembro.

De acordo com este calendário, o grupo farmacêutico francês, um dos principais produtores de vacinas do mundo, pretendia produzir um bilhão de doses em 2021. Um objetivo que não será possível.

Fórmula “insatisfatória”

Os resultados provisórios dos primeiros testes (fases 1 e 2) não atingiram as expectativas: embora a resposta imunológica em adultos com idades entre 18 a 49 anos seja “comparável à de pacientes que se recuperaram da infecção por covid-19”, esta resposta é “insuficiente” nos adultos mais velhos, afirma o comunicado.

Em consequência, os laboratórios desejam “aperfeiçoar a concentração de antígenos para obter uma alta resposta imunológica em todas as faixas etárias”, completa a nota.

“A fórmula do produto não é satisfatória. É importante otimizá-la, e isso pode levar um pouco mais de tempo”, declarou à AFP Thomas Triomphe, vice-presidente da divisão de vacinas da Sanofi, que admitiu um anúncio “decepcionante”.

Os laboratórios organizarão uma fase de testes complementares a partir de fevereiro, baseados em um teste recente em primatas não humanos com uma fórmula de antígenos aprimorada.

O teste mostrou que “a vacina candidata poderia aportar uma proteção contra as patologias pulmonares e comportar a eliminação rápida do vírus nas vias nasais e nos pulmões no espaço de dois a quatro dias”, afirma o comunicado.

“Quando injetamos uma forte quantidade de vírus em animais que receberam a vacina, nós temos excelentes resultados, o que nos dá confiança”, destacou Thomas Triomphe. 

De modo geral, o desenvolvimento de uma nova vacina leva tempo e dinheiro. De acordo com especialistas do setor, são necessários 1,2 bilhão de dólares e dez anos, em média.

No caso da covid-19, porém, a pesquisa, estimulada por um financiamento excepcional e por parcerias público-privadas, derrubou os prazos tradicionais. Onze vacinas estão na última fase de testes clínicos.

Várias já tiveram os resultados de eficácia publicados, como a vacina da americana Pfizer, que trabalha em colaboração com a empresa alemã BioNTech. O Reino Unido autorizou a administração do produto e iniciou uma campanha de vacinação na terça-feira.

A vacina da empresa americana Moderna pode receber autorização na próxima semana nos Estados Unidos.

Neste contexto, a vacina da GSK e Sanofi pode chegar muito tarde.

“São de três a quatro meses de atraso, mas, no fim das contas, com mais informações sobre uma fórmula melhor”, disse Triomphe. “Corresponderá aos nossos sócios decidir se querem encomendar as doses”, completou.

Sanofi e GSK assinaram vários contratos de entrega, um deles com a União Europeia, que reservou 300 milhões de doses para 2021.

 

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