Mundo pet

Após resgate de cães, preço de beagle sobe até R$ 1.000

Encomendas dobram, e criadores já têm lista de espera por um filhote da nova ‘celebridade’

Sáb, 26/10/13 - 03h00
Fama. O empresário Marcos Letayf, com canil em Santa Luzia, diz que todos os compradores associam desejo de ter a raça ao resgate | Foto: FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

O resgate de cães da raça beagle por um grupo de ativistas, num laboratório em São Paulo, gerou revolta nacional. E também inflacionou o preço da espécie no mercado. Na região metropolitana de Belo Horizonte, a procura por exemplares da raça – oriunda do Reino Unido a partir do cruzamento de várias outras e conhecida por seu temperamento dócil –, aumentou assustadoramente desde o episódio ocorrido na madrugada do dia 18 no Instituto Royal, em São Roque, a 66 km da capital paulista. Um filhote era vendido em Belo Horizonte a partir de R$ 800. O preço chegava, no máximo, a R$ 1.500. Hoje, o mascote pode ser encontrado por até R$ 1.000 a mais, uma diferença de 66% entre os maiores preços.

O presidente do Kennel Clube de Belo Horizonte, Dino Miraglia, observa que o “fenômeno beagle” já se repetiu antes com outras raças que ficaram famosas em séries de TV e no cinema, como dálmata (devido ao sucesso do filme “Os 101 Dálmatas”), akita (do filme “Sempre a Seu Lado”, com Richard Gere) e até mesmo com protagonistas de séries mais antigas, como o pastor alemão de “Rin Tin Tin” e a border collie de “Lassie”.

O grande problema dessa onda, observa Miraglia, é a possibilidade de abandono em massa de raças específicas, como ocorreu num passado recente com bem os dálmatas país afora. “Muita gente ficou entusiasmada com o estrondo do filme e decidiu ter um dálmata em casa, mas sem saber das características básicas da raça, como a propensão a problemas de pele, e que esses cães geralmente costumam morder os donos”, conta. “O resultado foi trágico, e o mesmo pode se repetir agora com o boom dos beagles, que costumam destruir tudo o que veem pela frente”, lamenta.

O presidente do Kennel Clube revela ainda que, também motivados pelo episódio dos beagles em São Roque, criadores da raça decidiram superfaturar suas tabelas de preço. “É espantoso. Um filhote que antes era vendido entre R$ 800 e R$ 1.500 agora é comercializado por até R$ 2.500”, afirma.

Lista de espera. Especializado na criação da raça beagle, o empresário Marcos Letayf Macedo Filho recebia uma média de cinco pedidos por mês. Só na última semana, quase dobrou o número de encomendas, e ainda abriu uma lista de reservas. “Nas várias ligações que recebi nesta semana, não houve quem não associasse sua vontade de ter um beagle ao caso dos ativistas de São Paulo”, disse Marcos Letayf, um dos poucos criadores que mantiveram sua tabela de preços antiga.

Até mesmo ex-criadores que mantêm página na internet estão sendo assediados por interessados “de última hora”, como é o caso da administradora Margarete Mascarenhas, que já não cria beagles há três anos, mas seu nome ainda aparece em sites de anúncio da raça.

Ela conta que, depois do escândalo, não para de receber e-mails de possíveis compradores. “Tenho recebido muitos pedidos, mas agora só tenho meus dois, em casa. Até pedi para retirar meu anúncio do site, mas ele foi remetido para outra página e perdi completamente o controle. Quando eu ainda vendia, um filhote custava R$ 750”, conta.

Até mesmo proprietários de pet shops vêm sendo assediados. A empresária Emília Miranda, dona de uma loja no bairro Cidade Jardim, diz ter perdido a conta do número de interessados. “Além de procurar por telefones, muitos vieram pessoalmente implorando por um exemplar da raça beagle. Pelo visto, os bichinhos viraram celebridade.”

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