Comparativo

Captur mira em espaço e design

Com motor 1.6 e câmbio automático CVT, versão Intense do SUV da Renault tem relação custo-benefício mais interessante, mas alguns detalhes podem melhorar

Qua, 06/09/17 - 03h00
Pode até não parecer, mas o Captur, que chegou ao mercado brasileiro no início deste ano, tem muito em comum com o Duster, vendido no país desde 2011: os dois SUVs da Renault compartilham plataforma e toda a parte mecânica. O modelo mais novo, porém, tem proposta mais sofisticada e preços mais elevados, além de design elaborado, com carroceria esculpida por vincos e curvas, que ainda chama atenção pelas ruas. No caso da versão Intense 1.6, avaliada pelo Super Motor, o valor de tabela parte de R$ 89.590, já com câmbio automático do tipo continuamente variável (CVT).

Essa configuração é movida pelo conhecido motor 1.6 de quatro cilindros e 16 válvulas da aliança Renault-Nissan, que equipa, além do Duster, o Logan e o Sandero, da marca francesa, e Kicks, March e Versa, da fabricante japonesa. Tal propulsor, que tem bloco e cabeçote em alumínio, comando de válvulas variável e corrente de comando, ganhou um mapeamento eletrônico específico para o Captur: sob o capô do SUV, desenvolve 118 cv de potência com gasolina e 120 cv com etanol, a 5.500 rpm, além de 16,2 kgfm de torque com ambos os combustíveis, a 4.000 rpm. O câmbio CVT simula seis marchas. É possível trocá-las de modo sequencial, mas apenas por toques na alavanca, pois não há paddle shifts no volante.
 
Dirigibilidade 
 
De modo geral, esse conjunto mecânico consegue movimentar o Captur de modo apropriado na cidade, onde ele entrega agilidade. Porém, o desempenho deixa a desejar em determinadas situações, como em aclives. Em rodovias, as limitações do conjunto mostram-se mais evidentes diante do peso de 1.286 kg do veículo: em ultrapassagens e em subidas de serra, é preciso pisar fundo no acelerador e fazer o motor girar alto, o que gera incômodo, pois o nível de ruído a bordo aumenta bastante nessa situação. Sinal de que o isolamento acústico poderia ter recebido maior cuidado do fabricante.
 
No limite para o carro em termos de desempenho, o conjunto mecânico mostra melhores resultados em consumo de combustível, mas ainda longe de impressionar: a reportagem aferiu média de 10 km/L em trajetos cidade/estrada.
 
A direção do Captur, com assistência eletro-hidráulica, entrega boa progressividade, mostrando-se firme em alta velocidade e macia em manobras. Como a suspensão, que usa sistemas McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, também tem calibração eficiente, o SUV apresenta boa dirigibilidade: é estável para um veículo de carroceria elevada e encara curvas sem sustos. E isso não implica em um rodar desconfortável em pisos irregulares, pelo contrário: a absorção das imperfeições do solo é eficiente.
 

Detalhes fazem diferença, tanto a favor quanto contra

Se por fora o Captur chama bastante atenção, por dentro ele se mostra bem mais discreto, sem a ousadia que dá o tom do estilo da carroceria. E o acabamento é não mais do que razoável: a combinação de peças em preto e bege ajuda a dar um aspecto mais refinado ao interior, mas os plásticos dos revestimentos das portas e da parte de baixo do painel são simples e um tanto ásperos ao toque, ainda que os encaixes estivessem precisos no veículo avaliado.

Os bancos, que exibem uma forração mista de couro e tecido, agradável ao toque e aos olhos, são confortáveis. O do motorista conta com apoio de braço e ajuste de altura, mas a posição de dirigir fica prejudicada pela ausência da regulagem telescópica da coluna de direção, que varia apenas em altura. A ergonomia também é comprometida pela posição dos botões do controlador de velocidade e da função Eco (que muda a programação de motor e câmbio para reduzir o gasto de combustível), parcialmente obstruídos pelo freio de mão. Por outro lado, o volante forrado em couro tem boa pegada, ao passo que o painel, que mescla velocímetro digital a um conta-giros analógico, proporciona leitura simples e direta. A tela monocromática do computador de bordo, porém, é simplória e ultrapassada.
 
O espaço é, sem dúvida, o maior atributo do habitáculo do SUV da Renault. Mesmo adultos de grande estatura encontram boas acomodações no banco traseiro, ao passo que o ressalto pequeno na parte central do assoalho beneficia a área para as pernas e os pés do quinto ocupante. De quebra, todos contam com a proteção de cintos de três pontos e encostos de cabeça. O porta-malas também é generoso: com 437 L de capacidade, está entre os maiores da classe. A bordo, há outros 12 nichos destinados a levar pequenos objetos, número não mais que razoável para a proposta familiar do Captur.

 

Pacote de itens de série é coerente dentro da categoria

A versão Intense é a mais equipada da linha Captur, posicionada acima da configuração Zen. Além do motor 1.6, que equipava o veículo avaliado, ela é vendida também com um propulsor 2.0, esse associado a um câmbio automático de quatro marchas. Entre os itens de série, ela traz chave presencial com botão de partida, faróis e limpadores com acionamento automático, retrovisores com ajuste e rebatimento elétrico, ar-condicionado automático, sensores de estacionamento traseiros e câmera de ré e sistema multimídia com tela touch de 7 polegadas, com Bluetooth, uma entrada USB e navegador GPS: fácil de usar, ela traz o eco-scoring e o eco-coaching, dois apps que ajudam a dirigir de modo econômico.
 
Entre os itens de segurança, há quatro airbags (dois frontais e dois laterais), controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa e ganchos padrão Isofix para duas cadeirinhas infantis. Os únicos opcionais são o revestimento em couro dos bancos, que custa R$ 1.500, e a pintura da carroceria em dois tons (chamada de “biton” pela Renault), que adiciona R$ 1.400 ao preço do veículo.
 
Ficha técnica
 
Motor: Dianteiro, transversal, 1,597 L, flex, com quatro cilindros e 16 válvulas.
 
Potência: 118 cv com gasolina e 120 cv com etanol, a 5.500 rpm.
 
Torque: 16,2 kgfm tanto com gasolina quanto com etanol, a 4.500 rpm.
 
Câmbio: Automático do tipo CVT com simulação de seis marchas. 
 
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson e traseira com eixo de torção.
 
Freios: A discos ventilados na frente e a tambores na traseira, com ABS.
 
Dimensões: 4,33 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,62 m de altura e 2,67 m de distância entre-eixos.
 
Peso em ordem de marcha: 1.286 kg.
 
Tanque de combustível: 50 L.
 
Porta-malas: 437 L.

 

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