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Chevrolet Trailblazer 2021 melhora, mas derrapa no custo-benefício

Com preço acima de R$ 300 mil, espaçoso SUV de sete lugares decepciona no nível de equipamentos

Seg, 19/07/21 - 08h00

A onda dos SUVs de sete lugares está em alta no Brasil com cada vez mais opções de modelos disponíveis no mercado. Pouco visto nas ruas, o Trailblazer é a alternativa da Chevrolet com dois assentos extras, além dos três habituais no banco traseiro.

Super Motor avaliou o Trailblazer Premier, a única versão do SUV de sete lugares à venda no país por salgados R$ 313.160 na linha 2021, e que ganhou alguns retoques estéticos e equipamentos de série. 

Por fora, as mudanças no “brutamonte” da Chevrolet - com quase 5 m de comprimento por 2,13 m de largura - se resumem à grade dianteira remodelada, similar a da picape S10 com a destacada grafia do nome da marca em alto-relevo, além de novo desenho do para-choque e das rodas de liga leve aro 18. O sistema de faróis continua sem ser full-LED como o de outros modelos da categoria.

Conectividade melhora

No interior, a maior novidade do SUV é a central multimídia MyLink agora equipada com sistema Wi-Fi nativo a bordo e espelhamento do celular via Android Auto ou Apple CarPlay wireless, sem precisar manter o aparelho conectado via cabo USB. O único ponto negativo segue sendo a pequena tela touchscreen, de apenas oito polegadas. 

Oferecido em outros modelos mais baratos da própria Chevrolet, como o Equinox, a Trailblazer 2021 estranhamente não vem com sistema de carregamento de smartphone por indução. E precisar recarregar o telefone a bordo do SUV de sete lugares pode mesmo virar um problema: só há duas tomadas USB e uma do tipo USB-C no grandalhão. 

Pecados mortais

No conforto, outro pecado para um modelo de mais de R$ 300 mil. O ar-condicionado apesar de digital é de apenas uma zona, apesar de oferece saídas no teto para os bancos traseiros com um botão giratório manual para ajuste de intensidade. O custo-benefício fica questionável também pelo Trailblazer seguir sem chave presencial, sistema de partida do motor por botão e freio de estacionamento eletrônico, por exemplo.

Em contrapartida, os bancos são revestidos em couro, item também presente no acabamento das portas e do descansa-braço central. Em geral, os materiais usados no acabamento interno aparentam boa qualidade. Um dos maiores trunfos do Trailblazer é sem dúvida seu espaço interno. Cinco adultos e duas crianças viajam com conforto a bordo do SUV.

Se a família for grande de verdade, é melhor levar pouca bagagem porque com todos os sete assentos ocupados, o porta-malas do SUV abriga apenas 205 L, pouca coisa menor que o do rival Volkswagen Tiguan Allspace (216 L). No modo tradicional, com os dois bancos extras rebatidos, a história muda e o espaço para as malas disponíveis no Trailblazer sobe para 554 L. 

Para um carro tamanho-família, o SUV da Chevrolet atende bem no quesito segurança. São de série: seis airbags, controle eletrônico de estabilidade e tração, além de sistemas de alerta de mudança de faixa, detecção de ponto cego, e de alerta de colisão frontal a veículos e pedestres com frenagem de emergência. Há sensores de estacionamento dianteiros e traseiros que atuam em conjunto com a câmera de ré.

Motor agrada, suspensão nem tanto

Ao acelerar, o “suvão” da gravatinha dourada não decepciona. O bom motor 2.8 16V turbodiesel de 200 cv e 51 kgfm de torque máximo aliado ao câmbio automático de seis marchas deixa o modelo de mais de 2 t com arrancadas e retomadas ligeiras, mesmo quando carrega a família inteira. 

Estrada de terra ou mal conservada, também não é problema para o Trailblazer, que tem sistema de tração 4x4 com reduzida, além de controle eletrônico de descida. A suspensão elevada (22,9 cm de vão livre do solo) e os bons ângulos de ataque e de saída do modelo reforçam sua robustez. 

A suspensão traseira é de eixo rígido e fica devendo em relação aos concorrentes, que contam com sistema independente nas quatro rodas. Com isso, o prejuízo é nítido. A carroceria do SUV acaba sacolejando mais do que deveria, sobretudo com o carro mais vazio.

A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 180 km/h e o Trailblazer, segundo a Chevrolet, cumpre o 0 a 100 km/h em 10,3 s. No consumo, a média obtida pelo Super Motor após uma semana de teste foi de 9 km/L, em circuito misto (cidade/estrada). 

Mercado

Em relação ao segmento, em 2021, o Trailblazer vem tendo um desempenho relativamente tímido em vendas. No acumulado até junho, foram emplacadas apenas 1.377 unidades do modelo, segundo a Fenabrave, contra 2.371 do Volkswagen Tiguan, o concorrente direto mais próximo no ranking.

Entre os SUVs de sete lugares disponíveis hoje no Brasil, o campeão de emplacamentos é o chinês Chery Tiggo 8 (3.763 unidades), que apesar de espaçoso, tem outra proposta completamente diferente, e sai por quase a metade do preço de um Chevrolet Trailblazer.

 

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