Lançamento

Discovery Sport entra em uma fria, e não se intimida

Novo utilitário-esportivo da Land Rover – que será feito no Brasil – não nega o DNA da marca

Sáb, 24/01/15 - 03h00

A Land Rover costuma promover apresentações inusitadas de seus produtos. Mas desta vez foi longe. Muito longe. Fomos à capital da Islândia, Reykjavik, para avaliar o novo Discovery Sport nas mais adversas condições climáticas possíveis. O utilitário-esportivo que avaliamos nessa gelada aventura passa a ser o produto de acesso à marca, e quando iniciar a produção e venda no país, substituirá o Freelander, que segue sendo comercializado por mais um ano. A previsão é a de que o Discovery Sport já possa ser encontrado nas concessionárias ainda no primeiro trimestre deste ano por R$ 179,9 mil.

Abaixo de zero

Já no primeiro contato com o Discovery Sport se percebe, claramente, que suas linhas tiveram no irmão Evoque a maior inspiração. Principalmente na parte dianteira é notória essa constatação, pelos faróis afilados e pelo uso de LED definindo duas formas. Contudo, comparado ao Evoque, o novo SUV tem porte mais familiar, oferecendo espaço interno maior e opção de sete lugares, com dois bancos retráteis no porta-malas. Parte marcante do design também é a coluna das portas traseiras.

Na parte de trás, o Discovery Sport, mesmo sendo maior, segue um estilo mais baixo, mas nada como visto no modelo que inspirou o seu design. O sucessor do Freelander precisa contar com uma imagem mais moderna e atual porque pretende ser a referência do segmento. Para isso evoluiu muito sua capacidade fora de estrada, que ganhou novo sistema de controle de descidas, além de uma nova suspensão traseira multilink. Os amortecedores podem ser magnéticos, que variam a sua rigidez.

O resultado de todo esse investimento resultou em um produto que oferece mais conforto, segurança e possibilita condução eficiente, suave e segura em estradas de asfalto, vias cobertas de neve ou mesmo na passagem por rios em que a profundidade pode chegar aos 60 cm. Como experimentamos durante a nossa inóspita jornada glacial.

Na pista

Após as apresentações e explicações técnicas, é hora de partir. Estacionados em um pátio ao lado do terminal de Kevlafik, 15 unidades do Discovery, com motores a diesel e gasolina, aguardam. O vento é forte e assustador. De todas as muitas informações, a que mais impactou dava conta de que, além da região coberta de neve e gelo a ser percorrida, nesta época do ano conta, ainda, com o imponderável tempo instável, que costuma mudar radicalmente de um momento para o outro. No trecho inicial do teste – 100 km entre o aeroporto e a região de Selfoss – estavam previstos ventos moderados e alguma névoa.

Começamos com um modelo movido a gasolina, com o mesmo motor que empurra o Evoque: 2.0 turbo com 240 cv e 38,7 kgfm de torque. Os habituais sistemas eletrônicos dos Land Rover também estão presentes, como o Terrain Response, o Roll Stability Control e o Hill Descent Control, entre muitos outros. E mostraram seu valor durante o roteiro. Na saída, gélido e brutal o vento parecia querer arrastar e tirar o Discovery do traçado – nem mesmo seus 1.863 kg pareciam suficientes para manter o carro sem “balançar”. Só mesmo os muitos recursos eletrônicos para manter a trajetória na pista com aderência baixa.

Nevasca? Vamos nessa

Depois de algumas paradas pelo caminho para recebermos informações dos coordenadores do teste sobre as muitas capacidades eletrônicas do Land Rover Discovery Sport, que permitiam mantermo-nos em segurança pelo trajeto, finalmente chegamos ao local de pernoite. Nós nos recolhemos cedo porque no dia seguinte tudo começaria outra vez. E mais intenso. A chuva e a nevasca incessante marcaram presença a noite toda.

No despertar, com o dia ainda escuro fomos informados de que as condições climáticas, com tanta neve, vento e chuva, impediriam de manter o que foi programado, e algumas alterações na rota precisariam ser feitas para que nossa condução nessa etapa derradeira da avaliação do Discovery Sport pudesse ser concluída com êxito. Do lado de fora do hotel, tudo escuro. Visual sinistro. Para andar até o carro que seguiríamos viagem, uma dificuldade ficar em pé. Mesmo com bota apropriada, o chão parecia um ringue de patinação no gelo, sem patins.

Desta feita, dirigimos uma versão com motor 2.2 l a diesel com 190 cv. Assim que entramos no SUV, o chefe dos coordenadores nos avisou pelo rádio que, pelas condições do percurso, seguiríamos em três comboios de cincos carros cada, e todos seguindo um safety-car. Na sequência, informaram que seríamos os últimos a nos alinharmos no primeiro comboio. O cenário era de dar medo. Chuva e vento em meio a uma escuridão com visibilidade baixíssima. Não tínhamos opção a não ser seguir em frente. As poças de água em temperaturas abaixo de 0ºC rapidamente se transformam em escorregadias lâminas de gelo.

Tornou-se recomendável reduzir a velocidade, manter uma aceleração constante e evitar freadas bruscas, que levariam a indesejáveis derrapagens. Sobre o gelo fino, a aderência é quase nula, e mesmo os recursos eletrônicos não são “anjo da guarda”. Nada muito animador para enfrentar as descidas e subidas e pedras cobertas de neve. E seriam mais 300 km nessas circunstâncias até a capital Reykjavik, nosso destino final.

Proposta é familiar

Dirigindo, bastava um simples golpe no volante para que o Land Rover Discover Sport mostrasse reação. O ideal era quase nem se mexer para não incomodar o “bicho”. E por uns 50 km, a tensão e o silêncio a bordo foram uma constante. Como não há mal que dure para sempre, o clima hostil deu lugar a um céu azul, ainda soprando um vento gelado, mas em uma linda e inesquecível paisagem.

Habilidoso na neve e em piso escorregadio, bastava acionar os sistemas Hill Descent e Roll Stability Control para mantê-lo no controle. Em estradas de asfalto, sem neve ou gelo, o Discovery Sport mostrou sua versatilidade. O comboio se dispersou, e seguimos, em “carreira solo”, orientados pelo GPS, em segurança até o fim do trajeto. Dócil e potente quando exigido em local de aderência normal, ele se credencia para chegar ao Brasil, com seu porte familiar, mas oferecendo capacidade de aceleração, com retomadas vigorosas. O baixo nível de ruído e a ausência trepidação tornam difícil diferenciar as versões a diesel e a gasolina.

Em resumo, segundo a própria Land Rover, esse é o seu modelo para todas as situações do cotidiano. Se com o Evoque o proprietário ainda fica tímido de colocá-lo na lama, a expectativa dos ingleses para o Discovery Sport reside justamente nesse ponto. Pretendem que o novo modelo se torne o utilitário-esportivo “da casa”, confortável, seguro, com alto desempenho, sofisticado, mas voltado para utilização no dia a dia. 

O jornalista viajou a convite da Land Rover

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