Internacional

Nada será como antes em Michigan

Ofuscado por feira de tecnologia em Las Vegas, Salão do Automóvel de Detroit, nos EUA, mudará de data em 2020 na tentativa de recuperar seu velho protagonismo

Qua, 16/01/19 - 02h00

DETRIT (EUA). Tradicionalmente, como acontece todos os anos, no mês de janeiro, a capital mundial do automóvel, a cidade de Detroit, no Estado de Michigan, recebe milhares de jornalistas especializados de todo o mundo para que conheçam as principais novidades do setor.

A exposição acontece desde 1907. O evento foi ganhando proporção e, em 1960, passou a ser realizado no Cobo Center. O evento tomou a forma e o nome atual, North American Internacional Auto Show (Naias), em 1989, e, nesta edição, reúne o menor número de montadoras de todos os tempos. As alemãs, mas com fortíssima presença na terra de Tio Sam, Mercedes-Benz, BMW e Audi, ficaram de fora desta vez.

É justamente por isto que o auto show está mudando. E muito. A começar pela data em que será realizado. A edição 2019 é emblemática pelo fato de ser a última realizada sob o rigoroso inverno norte-americano. Em 2020, o Naias vai ocorrer em um clima, literalmente, mais favorável, durante o verão no hemisfério Norte. “A César o que é de César”, diz o velho e sábio ditado popular. Por isso, é preciso reconhecer que todas essas radicais transformações pelas quais está passando o secular Naias tem outras razões de ser, além da motivação de redução de custos, pelo fato de o salão acontecer logo após os feriados de fim de ano.

Tecnologia. “Tudo que acontece em Vegas fica em Vegas”, já profetizava uma produção cinematográfica de sucesso. Nem sempre. Estamos falando da CES, ou a Consumer Eletronics Show, a maior feira de tecnologia do mundo, que acontece na cidade que tem a noite mais agitada de todos os Estados Unidos e quase que simultaneamente à mostra americana de automóveis. São poucos dias que separam o fechamento das portas da CES e a abertura, para o público, do Cobo Center, local onde é realizada a exposição. E em tempos em que predominam tecnologias de condução autônomas, introdução de novidades na eletrificação de veículos, tanto para motores híbridos ou 100% elétricos, não haveria palco mais apropriado do que os holofotes de Las Vegas para serem descortinados ao mundo. Está aí uma das grandes e principais razões para que o evento na capital de Michigan fosse, ano após ano, nos últimos tempos, se esvaziando e perdendo o interesse de outrora.

Show de verdade. A principal fonte de renda de Detroit é a indústria automobilística, setor que passou por grandes recessões. A mais recente foi em 2009, o que ajudou a cidade a decretar falência, em 2013, com dívidas de US$ 20 bilhões, segundo informou à época o jornal “The New York Times”. Em um passado recente, o Naias era conhecido pela promoção de verdadeiros shows, inspirados em Hollywood, a cada apresentação de um novo modelo pelas montadoras em seus megaestandes. O evento se transformou em uma competição para saber qual delas ganharia mais espaço na mídia pela qualidade e pelo ineditismo do que foi preparado para os lançamentos.

Com foco no mercado local

Desde a citada crise que abalou a economia dos Estados Unidos, os fabricantes estão muito mais contidos. Hoje, o principal auto show do país segue acontecendo nas dependências do Cobo Hall, mas nem de longe mostra a opulência do passado.

O certo é que a recuperação paulatina das finanças dos EUA contribui para novos investimentos no setor. A peculiaridade que determina a quase totalidade de novidades apenas para o mercado norte-americano faz com que poucos modelos expostos em Detroit ganhem as ruas brasileiras.

Fiat-Chrysler. Uma das poucas novidades para o Brasil foi apresentada pela Fiat Chrysler Automóveis (FCA), que vai vender a quinta geração da picape RAM 1500 no Brasil, a partir do segundo semestre deste ano.

Pelo menos é o que apontam os indícios dados pelos executivos da marca durante a abertura do Salão Internacional do Automóvel de Detroit e que o Super Motor acompanhou in loco. Com 5,91 m de comprimento, 2,08 m de largura e 3,67 m de entre-eixos, a RAM 1500 é grande para os padrões do nosso mercado.

O modelo deve chegar importado dos EUA, equipado com motor V6 3.0 turbodiesel de 240 cv e 58 kgfm de torque. O câmbio é automático de oito marchas. No Brasil, o preço da bruta da FCA deve ultrapassar os R$ 200 mil. Apesar de ser grandalhona, a nova RAM 1500 pode ser dirigida por quem tem carteira B. Por aqui, a configuração vendida será a “crew cab”, com caçamba menor.

Toyota. Depois de 17 anos, a Toyota ressuscita o lendário Supra, que começa a ser vendido no Japão ainda neste ano. O novo esportivo usa o mesmo motor V6 de 340 cv do novo BMW Z4, tem tração traseira, e câmbio automático de oito velocidades. O carro chama atenção também pelo design bem ousado.

Cadillac. A divisão de luxo da GM revela no auto show o novo XT6. O SUV de sete lugares com rodões aro 20 e motor 3.6 V6 tem câmbio automático de nove marchas. 

Ford. Além da sexta geração do SUV Explorer, a grande atração da marca do oval azul é o Ford Shelby GT500 2020. Equipado com motor V8 de mais de 700 cv – mais poderoso que o da Ferrari Portofino, por exemplo – o icônico esportivo da Ford acelera de 0 a 100 km/h em pouco mais de três segundos.

Volkswagen. O novo Passat 2020 é a principal atração da marca em Detroit. Exclusivo para o mercado norte-americano, o sedã ganhou um visual mais esportivo. O motor é o 2.0 TSI de 176 cv. A transmissão automática é a mesma de antes, com seis marchas.

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O jornalista viajou a convite da FCA