Avaliação

Opção francesaentre os SUVs compactos

Renault Captur é novidade que aposta no design; versão Intense tem boa relação custo-benefício, mas conjunto mecânico pode melhorar

Por Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2017 | 03:00
 
 
Modelo feito sobre a plataforma do Renault Duster e tem linhas marcantes Foto: ISABEL ALMEIDA/CZN

A Renault prometeu apostar nos SUVs em 2017 no Brasil. E começou essa estratégia com o lançamento do crossover Captur, em fevereiro. Construído sobre a mesma base do Duster, o modelo tem um desenho bastante semelhante ao do original francês, mas com 20 cm a mais de comprimento. Porém, apesar de uma relação custo-benefício até favorável na comparação com os outros concorrentes compactos na configuração top de linha Intense, suas vendas ainda estão bem abaixo dos rivais. Em março, seu primeiro mês cheio, conseguiu 686 emplacamentos. É cerca de um terço do que o próprio Duster consegue.

Quando se sabe que o Renault Captur usa a mesma base do Duster, seu visual impacta ainda mais. O porte avantajado se destaca a ponto de, à primeira vista, nem parecer se tratar de um crossover compacto. O design é contemporâneo, alinhado ao modelo vendido na Europa, e traz uma combinação interessante de musculatura e elegância. Não é nada bruto, mas consegue transmitir a robustez característica do segmento em que atua.

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Além do design, o principal chamariz do Captur Intense é sua boa lista de itens de série. Que engloba, inclusive, controles eletrônicos de estabilidade e tração e airbags laterais. As rodas de liga leve, de 17 polegadas, são diamantadas. E a chave é presencial, no formato “cartão” já adotado em modelos como o sedã médio Fluence, no Brasil. Retrovisores externos têm ajustes e rebatimento elétricos e ar-condicionado automático, direção eletro-hidráulica, controle de cruzeiro, computador de bordo, sistema multimídia com tela de 7 polegadas e câmera de ré, sensores de chuva e de luminosidade e faróis de neblina com função de iluminação lateral também saem na configuração de fábrica. De opcionais mesmo, só revestimento em couro e pintura em dois tons. Os preços começam em R$ 88.490 e chegam a R$ 91.390 com os dois itens.

Já o motor não traz inovações. É o tradicional 2.0 16V, gerenciado sempre pelo antigo câmbio automático de quatro marchas dos Duster mais caros. A potência máxima é de 143 cv com gasolina e 148 cv com etanol, enquanto o torque máximo, presente a 4.000 giros, fica em 20,2 kgfm/20,9 kgfm, com os mesmos combustíveis.


Comportamento dinâmico

O motor 2.0 do Captur Intense move o crossover com competência, mas não há sobras. É preciso contar com reduções bruscas de marchas para garantir ultrapassagens e retomadas mais seguras.

Nesses momentos, o barulho do propulsor invade a cabine, mas o isolamento acústico é bom quando não se recorre a essas reduções de marchas. Nas curvas, o Captur se mostra bem-equilibrado, mesmo em velocidade elevada. Apesar de ser um carro alto, ele se mantém estável e não aderna em curvas, mantendo a trajetória com facilidade. Além disso, o crossover tem controle eletrônico de estabilidade de série.

Não que o trem de força propicie grandes exageros, mas já é uma garantia a mais de segurança. A direção do tipo eletro-hidráulica tem bom peso, e a suspensão absorve bem os desníveis dos pisos brasileiros.

O Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro não divulgou dados sobre o Renault Captur 2.0, mas ele utiliza o mesmo motor do Duster 2.0 automático, e o peso dos dois modelos é bem próximo. O Duster registrou 6,0/7,1 km/l com etanol na cidade/estrada e 9,0/10,4 km/l com gasolina, nas mesmas condições. O resultado foi consumo energético de 2,33 MJ/km e notas “A” em sua categoria e “C” no geral.

O modelo ainda traz a tecla Eco, que altera os padrões de desempenho do motor, resultando, segundo a marca francesa, em uma economia que pode chegar a até 10%.

Interior espaçoso, mas sem muita sofisticação

O espaço interno do Captur é bom: quatro passageiros viajam com folga, sem depender da boa vontade dos ocupantes dianteiros. O porta-malas, com 437 litros, também se mostra bem proveitoso para viagens em família ou compras de mês no supermercado.

O habitáculo, no entanto, decepciona. É ao entrar no Captur que se percebe sua ligação direta com o Duster: os plásticos são rígidos e rugosos e chamam mais atenção que os detalhes em black piano e cromados presentes. A falta de refinamento é evidente demais para um carro com preço na casa dos R$ 90 mil. E, assim como no Duster, os botões que acionam o controle de cruzeiro e o modo Eco ficam obstruídos sob o freio de mão.


Ficha técnica

Motor: A gasolina e etanol, 2.0 L, com quatro cilindros e 16 válvulas.

Potência: 143 cv com gasolina e 148 cv com etanol, a 5.750 rpm.

Torque: 20,2 kgfm com gasolina e 20,9 kgfm com etanol, a 4.000 rpm.

Câmbio: Automático de quatro marchas.