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Os lançamentos e uma velha e incômoda dúvida

Com tantas estreias, Super Motor quis saber: vale a pena comprar um carro que acabou de ser lançado ou é prudente esperar algum tempo?

Por Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2017 | 03:00
 
 
Preços da pré-venda do Kwid foram mantidos pela Renault, só não se sabe até quando Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagem/Renault

Fiat Argo, Renault Kwid, novo Volkswagen Polo, o sedã Virtus e por aí vai. São muitos os novos modelos de carro lançados no Brasil neste ano, e outros estão por chegar nos próximos meses.

Além da dúvida sobre a escolha do modelo ideal, eis que outra velha questão vem à tona na cabeça de muitos consumidores: vale a pena comprar um carro inédito, que acabou estrear no mercado? Ou é melhor esperar algum tempo? A indagação não é à toa e se justifica, na maioria das vezes, pelo receio de defeitos de fabricação nos veículos nunca produzidos em larga escala antes.

E não são raros os casos de problemas em carros novos lançados no mercado. O que dizer, por exemplo, do motor 1.0 VHT do novo Gol, lançado em 2008, que obrigou a Volkswagen a convocar um recall de 400 mil veículos. E o defeito no então novo câmbio Powershift da Ford, que fez a marca inclusive estender o período de garantia de fábrica do item? Daria para ocupar todo o espaço desta matéria só para falar sobre falhas detectadas após a estreia dos modelos.

Opinião profissional

Na opinião de consultores automotivos ouvidos pelo Super Motor, apesar dos riscos envolvidos, não há motivo, hoje em dia, para deixar de comprar um carro pelo simples fato de ele ser recém-lançado.

“O fato de ser um lançamento ou não, não tem nada a ver. Os controles de qualidade evoluíram muito dentro das fábricas e ficaram, sem dúvida, mais rigorosos. E se houver algum problema, as montadoras estão cada vez mais preocupadas em saná-lo via recall, o que não acontecia há 20 ou 30 anos, por exemplo”, avalia Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive.

Linha de pensamento parecida tem o presidente da multinacional Jato Dynamics no Brasil, Vitor Klizas. “O uso cada vez maior de plataformas e de processos globais pelas montadoras reduziu o risco de problemas nos carros novos, já que esses componentes são testados em todo o mundo”, pontua o executivo da empresa especializada em análises do mercado automotivo.

Vale mais a empatia

Segundo os especialistas, o consumidor tende a se guiar pela empatia e confiança que tem na marca na hora de comprar um carro novo. E, para Garbossa, esse é o caminho mais adequado. “Se o sujeito teve um Renault, por exemplo, e nunca teve dor de cabeça com ele, é bem tratado na concessionária, ele tende a comprar um Kwid sem medo nenhum”, exemplifica o representante da ADK Automotive.

Preço mais ‘camarada’ é comum logo nas estreias

Segundo os especialistas, uma das vantagens em comprar um carro recém-lançado está justamente no bolso. Em geral, o preço dos modelos na pré-venda ou logo na estreia do carro costumam ser mais “camaradas”.

Em poucos meses, é muito comum as montadoras reajustarem a tabela do modelo. “É uma questão de pura estratégia das marcas, porque esse chamado ‘preço de lançamento’ é o que fica na cabeça do consumidor. Mas, com pouco tempo, ele sobe porque aumenta-se o custo de produção e da mão de obra para fazer o carro”, explica Garbossa. Ainda a respeito da grana, o que não dá para mensurar previamente e com exatidão é o valor do seguro cobrado pelo modelo recém-chegado às concessionárias. Além do perfil do motorista, nestes casos, as seguradoras costumam usar como base o valor do seguro de carros similares no segmento. Mas é bom saber que, dificilmente, o preço vai cair.

Outra incógnita e que foge ao controle do comprador é o risco do carro recém-lançado mudar para melhor ou pior muito pouco tempo depois de chegar ao mercado.

O Fiat Mobi, por exemplo, estreou com motor 1.0 de quatro cilindros. Menos de um ano depois, ganhou versões com motor 1.0 três cilindros, mais econômico.

Entre os importados, a lógica costuma ser inversa, sobretudo quando os modelos passam a ser fabricados no Brasil. Modelos como o Audi A3 Sedan e o Volkswagen Golf perderam equipamentos depois que tiveram a produção nacionalizada.

Proposta de lei

Ano/modelo. Um projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados, em Brasília, pretende proibir os fabricantes de veículos de modificar a estética ou a mecânica de seus produtos para colocá-los no mercado antes do fim do ano em que o modelo anterior foi produzido.

Mudança relevante. Conforme o texto, o ano-modelo de um veículo só poderá ser alterado se houver relevante inovação técnica, estética ou mecânica no veículo, conforme parâmetros técnicos.

Período mínimo. A proposta também pode tornar obrigatória a manutenção no mercado, pelo prazo mínimo de dez anos, dos modelos fabricados no país. Ou seja, depois de lançado, o carro só pode sair de linha dez anos depois.