Avaliação

Perua Mercedes é alternativa de luxo aos SUVs

Classe C 180 Estate tenta vingar em um segmento engolido pela ascensão dos utilitários-esportivos; preço pode ser um empecilho

Qua, 30/11/16 - 02h00

Se existe um tipo de carro que praticamente desapareceu das ruas brasileiras são as station wagons – ou peruas. A ascensão dos utilitários-esportivos (SUVs) praticamente extinguiu esse tipo de veículo. No entanto, ainda existem raros remanescentes. É o caso da Mercedes-Benz Classe C 180 Estate Avantgarde. Baseada na variante de entrada do sedã Classe C, a versão perua é praticamente idêntica, com mudanças perceptíveis somente a partir da porta traseira.

O design é harmônico. A diferença mesmo fica na traseira, que agora traz opulentas e enormes lanternas horizontais, ao contrário das verticais da geração anterior, e avançam pela tampa do porta-malas. O interior é idêntico ao do sedã, inclusive a inusitada central multimídia semelhante a um tablet de sete polegadas, que fica pendurada no painel e destoa do conjunto e da sobriedade alemã.

Única versão disponível, a C 180 Estate Avantgarde utiliza o já conhecido motor 1.6 turbo da Mercedes. Rende 156 cv e 25,5 kgfm de torque, sempre abastecido com gasolina. A lista de itens de série, mesmo tratando-se de uma versão de entrada, é extensa. São sete airbags, controle eletrônico de estabilidade e controle de tração, freios com sistema antitravamento e distribuição eletrônica de frenagem, transmissão automática de sete velocidades, direção elétrica, ar-condicionado digital de duas zonas, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré e controle de velocidade. Ele não tem opcionais.

A versão Estate está tabelada em R$ 185,9 mil. O preço alto é, sem dúvidas, um de seus principais problemas. Sua principal concorrente acabou de desembarcar em nova geração no Brasil. O Audi A4 Avant custa R$ 187,9 mil, mas é mais moderno, equipado e potente, com motor 2.0 turbo de 190 cv. Dentro da própria marca alemã, a versão Estate custa R$ 19 mil a mais que a variante sedã – por 1 cm extra no comprimento da carroceria e 10 litros no bagageiro – e R$ 7.000 a mais que o GLA 200 intermediário, que utiliza o mesmo motor e tem aparência de SUV. Resta ao C 180 Estate o público que preza pela dirigibilidade de um sedã e necessita de um espaço grande para as malas. E que não se deixe seduzir pelos cada vez mais badalados SUVs.


Espaço e conforto juntos

O Mercedes Classe C Estate se mostrou muito rápida, confiável e segura durante os testes. A boa plataforma em que é baseada ajuda nesse ponto, visto que não é fácil atingir os limites do modelo. Por se tratar de um carro com intuito de levar a família e suas bagagens, o C 180 Estate se sai bem na tarefa. Três passageiros viajam no banco de trás com conforto, e o espaço para as malas é gigante. Seu pecado capital é não ter um sistema de entretenimento mais atraente e moderno, visto que ajudaria em viagens mais longas, principalmente com crianças.

Dinamicamente, os 156 cv dão conta do recado. Não há esportividade, mas o motor 1.6 auxiliado do turbo é suficiente para movimentar os 1.500 kg do modelo. A direção é precisa e impressiona por se tratar de um carro família. O comportamento da suspensão prioriza o conforto, mas não prejudica em nada o desempenho em curvas. Para se achar o limite é necessário muito empenho e um pouco de agressividade na direção. Mesmo assim, ao atingí-lo, o controle de estabilidade está sempre alerta para segurar o carro.

Há opção de modos diferentes de condução, que alteram o comportamento do carro. No Eco, o C 180 State fica tranquilizado, com respostas de acelerador e direção mais lentas e com foco no consumo de combustível. No outro extremo, o Sport Plus altera todos os parâmetros com foco na esportividade. A direção é mais direta e firme.


Acabamento interno segue padrão da marca

O acabamento do C 180 Estate segue o padrão Mercedes-Benz. Sofisticado e bonito, não há economia em matérias nobres como couro ou alumínio no console. Os plásticos são de toque macio, e o acabamento não apresenta nenhuma falha de montagem. Os revestimentos são elegantes, e o aspecto geral transmite percepção de qualidade e requinte. O console central tem linhas fluídas. A tela de sete polegadas que faz a vez de central multimídia destoa e parece improvisada.

Existem diversos espaços para guardar objetos. O enorme porta-malas leva de 490 L a 1.510 L. Os acessos pelas portas dianteiras e traseiras são fáceis, e não é difícil achar uma posição cômoda nos bancos. 


Ficha técnica

Motor: Gasolina, dianteiro, 1.595 centímetros cúbicos, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, comando duplo variável no cabeçote e injeção direta de combustível

Potência: 156 cv a 5.300 rpm

Torque: 25,5 kgfm a 1.200 rpm

Peso: Dianteira four-link e traseira multilink.; amortecedores a ar

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