Memória

Relíquias reunidas por quem escreveu a história

Primeiro museu de imprensa automotiva do mundo é inaugurado em São Paulo; acervo reúne 10 mil itens raros e curiosos do jornalismo

Por Da Redação
Publicado em 08 de novembro de 2017 | 03:00
 
 
O Miau reúne centenas de materiais jornalísticos, fotos e fatos sobre a história da indústria automotiva no país Foto: Miau/divulgação

A ideia desta pauta surgiu assim que meu colega jornalista, Marcos Rozen, me convidou para participar da inauguração do Museu da Imprensa Automotiva, o Miau, que aconteceu no fim de outubro. Uma iniciativa que merece ser destacada não só pelo ineditismo – é o único do gênero no mundo –, como também pela importância de preservar a história e reconhecer o trabalho bandeirante dos profissionais de imprensa que abriram as trilhas por caminhos desconhecidos e pelos quais, hoje, seguimos em nossa labuta diária de cobrir o setor automotivo no Brasil.

A proposta do Miau é eternizar, por meio de um rico acervo, a evolução de uma trajetória que teve inicio há 61 anos. Para melhor entender o significado deste momento é preciso, assim como fazemos nas visitas aos museus tradicionais, uma viagem no tempo. Vamos agora voltar para o dia 16 de agosto de 1956, quando, oficialmente, foi aberto o desafio de informar ao público leitor e aos ouvintes um relevante acontecimento: a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), por meio do Decreto 39.412, do então presidente do Brasil Juscelino Kubitschek.

Naquela época, a força da mídia impressa suplantava, e muito, todas as outras. O rádio sempre se manteve como veículo de grande representação, mas eram os jornais os responsáveis pela integração nacional. A televisão apenas engatinhava, e o “Repórter Esso”, com seu conhecido jargão: o primeiro a dar as últimas, era o principal noticiário televisivo. As edições dos jornais fechavam tarde à espera das últimas notícias, e os vespertinos circulavam na parte da tarde trazendo os acontecimentos que não foram retratados por completo nos diários. Entre as revistas, a que vale o registro é apenas “O Cruzeiro”, com uma tiragem que até hoje poucas publicações similares conseguem atingir. Foi com toda esta pujança que foi noticiada a chegada do Geia, o que viria descortinar um admirável mundo novo para nosso país, o dos automóveis.

Motor da economia

As primeiras fábricas de veículos que seriam instaladas no Brasil trariam a reboque muitos empregos em uma extensa cadeia produtiva, e um sem-número de oportunidades possibilitaria a inclusão social de milhares de brasileiros. E era preciso divulgar essa boa nova para população. Foi a partir daí que começou, de verdade, o desenvolvimento industrial no Brasil.

Tudo era muito novo, assim como o trabalho do jornalista que passaria a cobrir estes primeiros movimentos que mudaram para sempre o retrato do Brasil. Surgiu, então, o profissional de imprensa especializado na cobertura automotiva. Da mesma forma, mas do outro lado do balcão, os fabricantes estruturavam seus respectivos departamentos de comunicação para estabeleceram a relação entre as mídias e as montadoras. 

Serviço

Onde fica? Rua Marcelina, 108, bairro Vila Romana – São Paulo (SP).

Quando visitar? O Miau funciona de quarta-feira a sábado, das 11h às 19h com entrada até 18h. Aos domingos, abre das 11h às 17h com entrada até as 16h.

Quanto custa? Os ingressos estão com preço promocional de inauguração, com meia-entrada a R$ 15 para todo o público.

Como chegar? Estando em São Paulo, o jeito mais conveniente de chegar ao museu é de táxi. Ele fica a 40 minutos do aeroporto de Congonhas. Partindo da avenida Paulista são 15 minutos (de carro). 

 

Edição número 1 da “Quatro Rodas” e outras raridades

Dentre os itens raros que estão em exposição no Miau, destaque para a coleção de edições número 1 de diversas publicações automotivas como a primeira revista “Quatro Rodas”, que circulou nas bancas do país em 1960. Há também as edições de estreia das revistas “Motor 3”, “Grand Prix”, “0 KM”, “O Mecânico”, e “Vida na GM”, uma publicação de 1949.

À mostra também estão manuais do proprietário de modelos nacionais raros como Aero-Willys Itamaraty, Simca, Esplanada GTX e DKW Candango, entre muitos outros.

Ferramenta de trabalho

Uma vitrine exibe diversos itens ligados ao 147, primeiro veículo fabricado pela Fiat no Brasil. Ali, um dos destaques é uma antiga máquina de escrever Olivetti Valentine vermelha. Foi o brinde dado pela montadora aos jornalistas que participaram do lançamento, realizado na cidade histórica de Ouro Preto, em 1976.

Para conforto dos visitantes, que passam o dia ali olhando o material e enriquecendo sua cultura automotiva, o museu conta com o Café do Miau, com diversas opções no menu – que, aliás, também é temático.

O Miau conta ainda com biblioteca, hemeroteca e “releaseteca”, com centenas de itens de diversas épocas, marcas e modelos, todos de livre consulta para os visitantes do museu automotivo.

 

Primeira exposição celebra os 50 anos do Chevrolet Opala

Dentre os itens raros que estão em exposição no Miau, destaque para a coleção de edições número 1 de diversas publicações automotivas como a primeira revista “Quatro Rodas”, que circulou nas bancas do país em 1960. Há também as edições de estreia das revistas “Motor 3”, “Grand Prix”, “0 KM”, “O Mecânico”, e “Vida na GM”, uma publicação de 1949.

À mostra também estão manuais do proprietário de modelos nacionais raros como Aero-Willys Itamaraty, Simca, Esplanada GTX e DKW Candango, entre muitos outros.

Ferramenta de trabalho

Uma vitrine exibe diversos itens ligados ao 147, primeiro veículo fabricado pela Fiat no Brasil. Ali, um dos destaques é uma antiga máquina de escrever Olivetti Valentine vermelha. Foi o brinde dado pela montadora aos jornalistas que participaram do lançamento, realizado na cidade histórica de Ouro Preto, em 1976.

Para conforto dos visitantes, que passam o dia ali olhando o material e enriquecendo sua cultura automotiva, o museu conta com o Café do Miau, com diversas opções no menu – que, aliás, também é temático.

O Miau conta ainda com biblioteca, hemeroteca e “releaseteca”, com centenas de itens de diversas épocas, marcas e modelos, todos de livre consulta para os visitantes do museu automotivo.

 

Maioria do acervo foi doado ao Miau

O fundador do Miau é o jornalista automotivo Marcos Rozen. Ele conta que a proposta do museu surgiu da própria dificuldade dele em obter materiais antigos para produção de reportagens de cunho histórico, mesmo por parte das montadoras.

Nos últimos 15 anos, Rozen começou a formar um acervo próprio e, com o passar do tempo, essa coleção acabou sendo amplamente enriquecida com colaborações de outros jornalistas e interessados na área. Segundo Rozen, atualmente, 75% do acervo do Miau é formado por doações de profissionais do setor.

A Audi é única patrocinadora oficial do Miau, que funciona de quarta-feira a sábado, das 11h as 19h, e aos domingos, das 11h as 17h. Para marcar sua inauguração, foi feita uma promoção para os ingressos: o benefício da meia-entrada vale para todos os visitantes, que, assim, pagam apenas R$ 15. A promoção é por tempo limitado e os ingressos podem ser obtidos diretamente no museu.