Avaliação

Rema contra a maré

Honda City EXL ganha refinamento para reagir à invasão dos SUVs, mas decepciona por continuar sem controle de estabilidade e tração

Por Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2018 | 03:00
 
 
Modelo ganhou nova grade dianteira, e o para-choque também foi redesenhado Foto: Jorge Rodrigues Jorge/CZN

É inegável a perda de espaço dos sedãs no mercado automotivo global. No Brasil, a avalanche recente de SUVs compactos afetou, principalmente, os modelos médios, em função da faixa de preço em que os novos crossovers atuam. Por esse mesmo motivo, os chamados “compactos premium”, mais caros, sofreram efeito similar. No caso do Honda City, outro fator também foi determinante para a queda em suas vendas: a necessidade de liberar espaço na linha para a produção dos novos “queridinhos” do mercado. 

O modelo chegou a emplacar mais de 2.800 unidades mensais no primeiro trimestre de 2015, mas bastou que a própria Honda lançasse o HR-V, em março do mesmo ano, para a situação mudar. Foram pouco mais de 1.500 emplacamentos/mês no mesmo período de 2016 e 1.198 em 2017. Mas a situação começa a mudar em 2018. Em janeiro, foram 366 unidades; em fevereiro chegou a 746 e, em março, pulou para 1.579 vendas. Essa reação veio logo após a fabricante nipônica promover um facelift no City e inserir uma série de novos recursos, principalmente na configuração topo de linha, a EXL.

O que mudou

O City adotou a maior parte das mudanças que afetaram o modelo em outros países. No exterior, há novos para-choques frontal e traseiro, além da grade do radiador reestilizada. Na versão EXL, além das luzes diurnas, setas, farol de neblina, baixo e alto são em LED, material que também aparece nas lanternas. Já a central multimídia, com tela sensível ao toque de sete polegadas, passou a ser compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. 

Em termos de segurança, a configuração mais cara agora passa a ter seis airbags, incluindo os frontais obrigatórios, laterais e de cortina. Controle de estabilidade e tração, porém, que serão obrigatórios em todos os carros vendidos no Brasil a partir de 2022, seguem indisponíveis mesmo como opcionais. Há uma possibilidade de passarem a ser de série após a mudança de toda a linha de produção de automóveis da Honda no decorrer deste ano, ela sai da atual fábrica de Sumaré e vai para a nova planta de Itirapina, ambas no interior de São Paulo.

O que segue igual

O trem de força não mudou. Segue o mesmo motor 1.5 flex, que entrega 116 cv e 15,3 kgfm máximos e conquistou nota máxima tanto em sua categoria quanto no geral, na avaliação do Inmetro. A transmissão continuamente variável, que simula sete marchas, também permanece a mesma no sedã médio. 

O conjunto mecânico do City, aliás, é o mesmo utilizado por todas as outras configurações do carro e ainda pelo monovolume Fit e sua variante em forma de utilitário-esportivo compacto, o WR-V, lançado no ano passado.

 

Visual ficou mais moderno

O Honda City é um sedã de visual esportivo. Mas o recente facelift, apesar de sutil, conseguiu transmitir uma ideia maior de requinte. Principalmente quando se trata da configuração top de linha, que traz conjunto ótico todo em LED e uma dianteira que aproximou mais o sedã do irmão maior, o Civic. 

Por dentro, a principal evolução foi na central multimídia, que agora é compatível com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay. 

Os materiais são bons, e, apesar de haver muito plástico rígido, revestimentos em couro aparecem nos bancos, nas portas e no câmbio. O ar-condicionado é operado por comandos em touch screen, o que insere algum charme, mas não é de dupla zona, por exemplo. Em relação ao espaço, nada mudou: é condizente com a categoria em que atua, e quatro adultos viajam sem grandes problemas. E o apelo para as famílias fica claro na hora de abrir o porta-malas: são nada menos que 536 L.

Na hora de se movimentar, o City se mostra um carro adequado para a cidade. O motor 1.5 move o compacto com alguma agilidade, e acelerações e as retomadas são feitas sem grandes surpresas. Porém, o torque máximo de 15,3 kgfm aparece apenas em 4.800 giros, e a transmissão CVT prioriza a economia de combustível e não o desempenho. Com isso, é preciso “esgoelar” um pouco o motor para extrair vigor na hora de pegar a estrada e fazer ultrapassagens mais emergenciais.

 

Preço da versão EXL não é tão competitivo

Em sua versão mais cara, o City parte de R$ 83,4 mil – o único opcional disponível é a pintura metálica. O preço da versão é pouco convidativo diante de uma concorrência renovada, com a chegada do Fiat Cronos e do Volkswagen Virtus. 

Esse é um fator de desvantagem para o City. Até porque, exceto pelo kit multimídia avançado, a maior parte de seus itens de série é bem ultrapassada e facilmente encontrada em carros mais baratos. 

Mas, para a Honda, esse preço é um reflexo da imagem de qualidade e confiabilidade que conseguiu consolidar no mercado brasileiro, mesmo que itens como controle eletrônico de estabilidade e de tração tenham ficado de fora dessa última atualização do carro.

Ficha técnica

Motor. 1.5 16V flex, quatro cilindros em linha 

Potência máxima. 115 cv (gasolina) e 116 cv (etanol) a 6.000 rpm

Torque. 15,3 kgfm a 4.800 rpm com gasolina e etanol

Tamanho. 4,46 m de comprimento, 1,70 m de largura, 1,49 m de altura e 2,60 m de entre-eixos.