Luiz Tito

Luiz Tito escreve de segunda a sábado em O TEMPO

E agora, Romeu?

Publicado em: Ter, 02/04/19 - 03h00
Romeu Zema, governador de Minas Gerais | Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

Pesa sobre os mineiros, entrando no quarto mês do ano, a sensação de que vivemos à cata de um rumo. Estamos literalmente perdidos, se analisarmos as atitudes tomadas pelos Poderes do Estado, em alguns assuntos, ou a total falta delas, no conjunto dos nossos problemas. Parece que Minas escolheu viver um momento de obscurantismo e letargia, à sombra de um governo que vem demonstrando ser capaz de realizar, e mal, apenas o óbvio, insensível à necessidade de se exercer com criatividade, ainda que minimamente, para produzir soluções que já são urgentes e inadiáveis.

É certa a herança de um quadro de dificuldades, gerado pela irresponsabilidade e pela incompetência do governo que sucedeu, mas em nenhum momento, em qualquer ação tornada pública, o atual governador conseguiu demonstrar conhecimento dos caminhos que nos façam sair desse abismo. Fez-nos rir, mas também perder tempo escutando avaliações primárias ou ouvindo promessas medíocres, longe de quem imaginamos ter nas suas ações o encaminhamento de providências inclinadas a resolver problemas que transcendem os bilhões de reais.

O governador de Minas não consegue demonstrar a que veio, senão por aquilo pelo que seu governo se acha marcado, como quem não vai dependurar as próprias fotos nas paredes das repartições públicas, ou não vai morar no Palácio das Mangabeiras, ou, ainda, como aquele que prefere evitar os aviões nos seus deslocamentos. Nada mais miúdo e surdo para quatro meses sentado na cadeira de governador eleito e, por isso, com poderes e legitimidade para fazê-lo. Mas, se os Poderes do Estado são harmônicos e têm responsabilidades legais nas suas relações, por que, por exemplo, o Poder Judiciário não avalia e julga dezenas de ações que tem na sua mesa, pedindo que sejam responsabilizados aqueles que fizeram das finanças públicas de Minas esse caos que tanto nos flagela? Por que não declarar e, por isso, interromper a prática da ilegalidade que representa a apropriação espúria dos recursos que deveriam ser destinados às prefeituras como cota-parte da arrecadação de tributos, a elas devidos por força da Constituição?

Há em Minas funcionários municipais que não recebem seus salários há meses, mas que, igualmente aos dos Poderes Judiciário e Legislativo, têm responsabilidades com a manutenção de suas famílias.

Essa postura de não governar, ou de governar apenas para alguns, ou de não aceitar a própria incompetência para produzir soluções que amenizem a asfixia na qual se acham TODOS os setores da administração pública estadual e, por consequência, os municípios mineiros, é um crime de responsabilidade, e não se admite mais dilatarmos o seu enfrentamento e responsabilização.

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