Luiz Tito

Luiz Tito escreve de segunda a sábado em O TEMPO

Onde buscar dinheiro?

Publicado em: Ter, 27/11/18 - 02h00

Uma das principais ações do governo Bolsonaro estará no projeto de privatização de empresas estatais, como forma de fazer entrar dinheiro extra e novo no caixa do Tesouro, mas também de se conter a notória desidratação de importantes ativos de nosso patrimônio público. Além disso, o que também se busca é enquadrar a criminosa corrupção gerada pela gestão desonesta, quase sempre presente no comando dessas empresas.

As operações desencadeadas pelo Ministério Público e por magistrados, ambos no plano do Judiciário federal e com o apoio da Polícia Federal, revelaram práticas imundas que enriqueceram dirigentes, empreiteiros, fornecedores de bens e serviços das mais importantes empresas estatais brasileiras, escolhidos, todos, para roubar somas de dinheiro em cifras nunca vistas na história da corrupção brasileira. Conquistamos, com a atividade dessa camarilha, uma posição de destaque no ranking das mais corruptas nações do mundo, como contrapartida à vergonhosa lesão de nossas políticas públicas que projetaram num fosso sem fim um grande contingente de nossa população.

É bem-vinda essa medida, a do estudo para privatização de estatais, mas certamente esperamos que tais operações sejam o resultado de análises e auditorias rigorosas e isentas, diferentes daquelas que serviram para a entrega da Vale a seus hoje controladores. Se se vai privatizar, que essa operação se dê num quadro favorável de valorização desses ativos, com pagamento em dinheiro, e não com a sucata podre usada na privatização da mesma Vale e de outras estatais não menos valiosas e estratégicas à economia nacional. Nada contra as privatizações, mas que elas sejam construídas por meio de regras justas e claras de precificação de seu valor para seu efetivo pagamento, no que realmente representam como ativos.

A situação cambaleante em que se acham nossas reservas fiscais impõe urgência em tudo, desde a contenção de gastos até as privatizações. Uma das prioridades, e que até então ainda não se viu encetada, é a preocupação da equipe econômica do futuro presidente com a dívida dos Estados para com a União, que poderia, esta, sim, ser aplacada, primeiro com a adoção de um coeficiente mais justo em sua correção, desde quando foram contraídas, Estado a Estado, até os dias atuais; e depois com sua amortização, por meio de mecanismos de compra de títulos emitidos por esses mesmos Estados, sempre corrigidos por taxas escorchantes, próprias dos bancos que atuam na gulosa transação desses papéis. Uma auditoria nesses contratos da dívida interna da União e dos Estados, dos últimos dez anos até hoje, poderá apontar caminhos que certamente reduzirão, e muito, a quitação desses passivos.

Num programa concebido sem mentalidade de banqueiro, as soluções podem estar mais próximas, definitivas e, certamente, ser mais baratas.

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