Terror sobre rodas

Um leitor com o “estranho e elitista” hábito de se locomover em automóvel ou avião – que no Brasil também não é nenhuma “Brastemp” – cometeu, no último feriadão, a insensata penitência de uma viagem. Não para Aparecida a pé, mas de ônibus: Belo Horizonte/Rio de Janeiro/Belo Horizonte. Na ida, tudo divino e maravilhoso, num leito, da Cometa. A volta é que foi triste, de executivo, da Útil!

Terror de quinta

O apelo era respeitável: leito beleza por R$ 230, em vez do bilhete aéreo a R$ 1.500. O primeiro choque é a jurássica rodoviária de BH. Pior, talvez, só La Paz, na Bolívia, com chuva! Em termos civilizatórios, escapam os toaletes porque, claro, são terceirizados. Como nossas estradas.

Terror oficial

Estradas são transitáveis apenas quando privatizadas, explorando infinitos e caros pedágios. Escadas rolantes não existem na rodoviária. Já a esteira rolante, para o mezanino, há séculos não funciona. Restam as “escadas da Penha” e os elevadores, um para cada uma das quatro plataformas.

Terror normal

Idosos, mulheres e crianças têm elevadores, mas, lá embaixo, precisam arrastar imensas e pesadas bagagens, atravessar, descer e subir plataformas até encontrar a certa. Uma delícia! Ar-condicionado? No único restaurante (sic), naquele mezanino, via aquela esteira rolante que não funciona? Nem pensar! O charme da rodoviária é fazer o usuário sofrer!

Terror infernal

O cardápio? Self a quilo ou PF. Experiência para toda a vida, no caso de sobreviventes, claro! Nos bares, a “prata da casa” de BH, a quarta cidade mais rica do Brasil: pastel frito! Completando o suplício, que nem cristão de Coliseu aguentaria: faltam cadeiras, lojas decentes e vergonha na cara de pau dos responsáveis! Agora, o prato principal: a volta! Insalubre! O ar-condicionado central transbordando impurezas visíveis rimava com o mau humor do motorista (feitor de escravos frustrado).

No lançamento do novo blog da Bel Lar Acabamentos, Ana Lúcia Rodarte, Cícera Gontijo, a diretora da marca, Cláudia Cipriano, e Andrea Buratto

curtas e finas

Querem mais sobre a viagem de volta? É pedir muito, toaletes limpos? Faltou até água para os passageiros brincarem de Pilatos!

Aliás, nem torneira tinha! As mulheres rebelaram-se em Juiz de Fora e o ônibus foi trocado horas depois.

E o capítulo Balança, Mas Não Cai? Parafusos frouxos nas estruturas, janelas e bagageiros rangeram a noite toda. Nosso infeliz amigo foi obrigado a calçá-los com papelão!

Missão Impossível: dormir, cochilar. Nem com mil caixas de Rivotril.

Cereja do bolo: o cheiro de desinfetante barato no toalete.

Imoral da história, resumo da ópera bufa: Saudades da civilização! Como podem tratar cidadãos assim, isso no Sul Maravilha?

Como podem os mesmos cidadãos aceitarem essas afrontas diárias e seculares?

Estradas assassinas, aviões caríssimos, ônibus como navios negreiros! Quanta falta de metrô, de trem, de respeito, de vida, de vergonha na cara!

No Brasil é pecado ser rico e castigo ser pobre: Nunca verás um “Paris” como este!