Paulo Navarro

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Um homem sério

Publicado em: Sáb, 17/02/18 - 02h00

O fotógrafo Paulo Laborne é sério, mas não exageremos. Um cara inteligente, culto, gente fina, sangue bom e bem-humorado nem consegue ser tão sério. Sorte dos amigos deste grande amigo (que tem quase dois metros de altura). Fotógrafo talentoso e viajado, navega também nas turvas águas do cinema. Brasileiro inveterado, não gosta de ser estrangeiro, por enquanto.

Em pleno Carnaval, você postou no Facebook a famosa frase do general e ex-presidente da França Charles de Gaulle (1890-1970): “O Brasil não é um país sério”. Sabia que a frase não é dele?

É o que menos importa. A verdade é que o Brasil não é sério. Fato.

A frase é de Carlos Alves de Souza Filho, embaixador do Brasil na França, entre 1956 e 1964. História longa, envolve a Guerra da Lagosta, que nunca existiu, mas a frase pegou. Por que a frase? Foi o Carnaval?

Acaso ou coincidência, Alves de Sousa é meu outro sobrenome. Laborne vem de belgas que foram para Grão Mogol em busca de diamantes. Alves de Sousa eram portugueses fazendeiros; fundadores de Abaeté. Como vê, Guerra da Lagosta... Não se pode dar muita importância.

Tem jeito que dê jeito no Brasil?

Como dizem todas as religiões, tem de ter fé. E ser otimista. Mas já estou acreditando que não há jeito neste país grande e bobo. Tem caveira de burro enterrada aqui.

Não tem vontade de se mudar de vez para Miami ou Lisboa?

Duas cidades que adoro e onde já expus minhas fotos. Inclusive fiz uma mostra sobre o Art Déco de Miami no saudoso Café Ideal (bons tempos). Mas, por enquanto, não gosto de ser estrangeiro, que o diga Albert Camus (1913-1960).

O que você anda produzindo na fotografia? Ou está num período sabático?

Quando você fica mais velho, é boa a serenidade, mas tenho produzido bem. É muito bom saber que depois de dezenas de exposições por todo o mundo, você não precisa provar mais nada, nem para você mesmo. Acabam as cobranças e a ansiedade.

Qual foi a mais recente exposição? E qual será a próxima?

A ultima individual foi em Havana, a quinta em Cuba. Gosto do povo, dos charutos e do rum de lá. A última coletiva foi de moda, em 2017. A próxima é sobre o descaso com o planeta, principalmente no Brasil, onde nada é crime. É multimídia, com fotografias e vídeo (espero patrocínio).

Que cidade ou evento gostaria de fotografar para ensaio, livro ou exposição?

Nunca fui a Chicago; dizem que é linda. Também nunca fui a São Petersburgo.

E o cinema?

Sim. Inclusive, podem ver meu último filme na mostra da Galeria do Minas, sobre meu grande amigo Lorenzato. Foi documentado em 16 mm, nas décadas de 70 e 80. Recuperei e montei a história desse pintor genial.

O que te inspirará mais em 2018: a Copa do Mundo na Rússia ou as eleições?

De Copa ainda pagamos o pato, o dinheiro roubado e os 7 a 1. Eleições? Conhece algum político honesto (cartas para a redação)? Podemos confiar nesses aí? Tenho certeza que não.

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