decisão unânime

Anvisa aprova uso do canabidiol como medicamento

Agência iniciou a discussão sobre a possibilidade da reclassificação da substância em maio de 2014; decisão foi tomada durante reunião da diretoria colegiada

Qua, 14/01/15 - 10h56
Avanço. Benício, filho de Leandro Ramires, precisa do medicamento | Foto: Leo Fontes - 6.8.14

O canabidiol (CBD), uma das principais substâncias da canábis sativa – popularmente conhecida como maconha –, não é mais proibido no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem, por unanimidade, a reclassificação do composto. De proscrito, ele passou para a lista C1, de substâncias de uso controlado no Brasil.

A decisão está sendo comemorada pelas famílias de pacientes que fazem uso do CBD. Muitas delas, organizadas na Associação Brasileira de Pacientes de Canábis Medicinal (Ama-me), exerceram grande pressão sobre os órgãos oficiais, o que foi fundamental para a reclassificação.

“Estamos contentes e satisfeitos, porque a reclassificação nos trouxe três benefícios: aumenta a acessibilidade ao medicamento, facilita a pesquisa acadêmica e abre portas para que o remédio seja produzido no Brasil com baixo custo”, comenta o mineiro Leandro Ramires, vice-presidente e responsável pela área médica da associação.

“Nós, da Ama-me, queremos que esse medicamento seja custeado pelo SUS. Vai ampliar o acesso para pessoas de baixa renda”, conta Ramires. Atualmente, cada bisnaga de 10 mg do remédio importado dos EUA custa US$ 500 (cerca de R$ 1.310) – fora os impostos.

Ramires é pai de Benício, 6, que tem síndrome de Dravet. Antes do canabidiol, o menino tinha até seis crises convulsivas por dia. “Agora o Benício está uma gracinha. Está indo muito bem na terapia ocupacional e na psicoterapia”, comemora o pai. 

Para Norberto Fischer, pai de Anny Fischer – primeira paciente a conseguir autorização da Anvisa para importar o CBD no Brasil –, a reclassificação tem um importante papel educador. “Isso deixa claro para a sociedade que (o CBD) não é uma coisa ruim. O Estado brasileiro quebrou o preconceito da proibição quando reclassificou”, opina.

Anny, 6, é portadora da rara síndrome CDKL5, causadora de epilepsia grave. Antes do canabidiol, ela tinha de 60 a 80 crises por semana, além de sérias limitações motoras. Depois de cerca de 15 meses tomando o remédio, ela não tem mais crises. “Ela está ótima, é uma criança alegre”, comenta Fischer.

Até ontem, a Anvisa havia recebido 374 pedidos de importação para uso pessoal do canabidiol. Desses, 336 foram aprovados, 20 aguardavam o cumprimento de exigências pelos interessados e 11 estavam em análise pela área técnica. 

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