Fome

Cinco milhões de brasileiros ficaram sem comer um ou mais dias no Brasil

O dado foi coletado pela ONU e divulgado em um relatório sobre segurança alimentar na América Latina e no Caribe, em 2018

Por Lara Alves
Publicado em 19 de julho de 2019 | 16:52
 
 
Mais de cinco milhões de pessoas no Brasil não se alimentaram por um ou mais dias em 2017 Pixabay/Divulgação

Cinco milhões de brasileiros passaram um ou mais dias sem consumir quaisquer alimentos em 2017. O dado alarmante foi apurado pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio de suas agências e exposto no relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe publicado em novembro do ano passado. A estatística contradiz a polêmica fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em resposta à pergunta de uma repórter do jornal espanhol "El País", na manhã desta sexta-feira (19). 

"Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não", comentou o presidente. Segundo ele, não é possível ver corpos esqueléticos por fome nas ruas. 

Apesar da afirmação feita, outros dados além daqueles diretos referentes à insegurança alimentam esclarecem que há moradores brasileiros enfrentando diariamente a fome. A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisou a situação da pobreza no país ao longo de 2017 e o relatório final foi publicado em dezembro passado.

Segundo dados coletados, cerca de 15 milhões de brasileiros sobrevivem com renda inferior a R$ 140 por mês ou R$ 4 por dia e são considerados extremamente pobres, de acordo com a linha proposta pelo Banco Mundial. 

Quem passa fome no Brasil?

Dormir e acordar com a barriga vazia ou se preocupar com a falta de alimentos nos dias que se seguem é um drama na vida de muitos brasileiros. A última vez em que dados regionais e específicos para a insegurança alimentar foram coletados no Brasil foi em 2012 e o relatório produzido só foi publicado no ano seguinte.

À época, 52 milhões de pessoas apresentavam alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de faltar comida em casa. A insegurança alimentar é maior nas regiões Norte e Nordeste, bem como na área rural e afeta principalmente domicílios onde residem menores de 18 anos.

Pretos, pardos e cidadãos com um a três anos de estudo são os grupos que sofrem insegurança moderada, quando a restrição quantitativa é uma constante, e grave, quando crianças e adultos passam pela drástica privação de comida.