Após crise

Com protesto de caminhoneiros, gaúcho compra gasolina na Argentina

Motoristas estão atravessando rio Uruguai de balsa até cidade de Alba Posse, localizada no país vizinho

Por Folhapress
Publicado em 03 de março de 2015 | 19:52
 
 
Na imagem, fotógrafo registra grande fila em posto de Mateus Leme, região metropolitana de Belo Horizonte, durante a greve dos caminhoneiros Douglas Magno

A solução encontrada por moradores de Porto Mauá (a 432 km de Porto Alegre) para driblar a falta de gasolina nos postos da cidade é atravessar o rio Uruguai de balsa até a Argentina para abastecer na cidade de Alba Posse. Desde sábado, os postos da cidade do noroeste gaúcho não recebem combustível.

"A maioria vai para abastecer", conta Daiane Britske, funcionária da balsa. Cada carro com até cinco pessoas paga R$ 32 pela travessia do rio que leva cinco minutos.

"A gente está querendo trabalhar, não queremos ficar parados. Mas os caminhões da fornecedora não chegam", diz Edson Vanderlan, funcionário de um posto de gasolina de Porto Mauá. Segundo ele, algumas pessoas cruzam a fronteira e revendem a gasolina por R$ 5.

Em Palmeira das Missões (a 312 km de Porto Alegre), a prefeitura decidiu apoiar a paralisação dos motoristas. Na terça-feira (3), o prédio da administração municipal ficou de portas fechadas com expediente interno. Somente os serviços de saúde e educação foram mantidos.

"Na nossa cidade o número de motoristas é significativo. Toda nossa produção de grãos depende do escoamento pelas estradas. Nos somamos ao movimento, mas esperamos que a greve possa acabar", disse o prefeito Eduardo Russomano Freire (PDT).
Na quarta-feira (4) a prefeitura voltará a atender o público. A adesão aos protestos é uma orientação da Associação dos Municípios da Zona de Produção (Amzop), que reúne 42 cidades.

No sudeste do Estado, em Pelotas (a 220 km de Porto Alegre), a falta de combustível afeta diversos serviços públicos. Os cerca de 60 agentes da fiscalização de trânsito estão trabalhando a pé desde 25 de fevereiro.

"Nosso deslocamento até os locais de ocorrência está muito mais demorado", diz o fiscal Selomar Braga Júnior.

O campus da Universidade Federal de Santa Maria, em Frederico Westphalen (a 364 km de Porto Alegre), suspendeu as aulas na segunda-feira (2) e terça-feira (3). Isso porque muitos professores não conseguiam se deslocar até o campus, que fica distante do centro. A falta de alimentos para abastecer o restaurante universitário também motivou a suspensão.