Investigação

Delegada conclui inquérito e Neymar não é indiciado por estupro de Najila

Ministério Público tem prazo legal de 15 dias para se manifestar sobre o caso

Seg, 29/07/19 - 18h49
Neymar vai prestar depoimento sobre o encontro com a modelo em Paris | Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

O inquérito de acusação de estupro da modelo Najila Trindade contra o jogador Neymar foi concluído pela polícia de São Paulo nesta segunda-feira (29). O atleta do PSG e da seleção brasileira não será indiciado pelo suposto crime.

Há aproximadamente um mês havia terminado o prazo para a instauração ou não do inquérito, no entanto a responsável pelo caso, a delegada Juliana Lopes Bussacos, titular da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, pediu a Justiça mais 30 dias para analisar outras provas. A partir da decisão desta segunda-feira, o Ministério Público (MP) tem 15 dias para se manifestar sobre o caso. 

O CASO

As investigações começaram em 31 de maio, uma sexta-feira. Najila chegou por volta das 18h30 à 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Ela ficou no local até às 23h e depois seguiu para o Hospital Pérola Byington, onde realizou exame de corpo de delito.

Najila contou aos policiais que conheceu Neymar no Instagram e, depois de algumas mensagens trocadas pela rede social, os dois começaram a se falar por WhatsApp. Passadas algumas semanas de conversa, ela foi convidada para ir a Paris visitar o jogador. Neymar pagou as passagens e o hotel. Najila chegou em 15 de maio e à noite o jogador esteve no quarto dela.

A modelo relatou que o atacante estava alterado, fez sexo contra a vontade dela e não teria usado camisinha. Em seu depoimento, o atacante disse que usou preservativo e o jogou no vaso sanitário na sequência.

No dia seguinte, Neymar esteve no mesmo quarto e foi agredido por Najila. A modelo gravou o encontro e alegou que buscava uma prova de que se encontrara com o atleta. Sobre os tapas que deu em Neymar, visíveis em vídeo que viralizou durante as investigações, seria um revide às supostas agressões que sofrera na véspera. Fotos e um laudo apontando hematomas nas nádegas de Najila foram publicadas na imprensa. Na troca de mensagens entre eles, Neymar falou que a modelo também foi culpada pelas lesões porque "pedia mais". Ela negou.

A investigação chegou à imprensa no dia seguinte ao registro do B.O., 1º de junho, em furo de reportagem de UOL Esporte. O nome da denunciante, que deveria ser mantido em sigilo, foi relevado em um programa de televisão. No mesmo dia, Neymar gravou um vídeo se defendendo. Ele foi postado no Instagram e continha imagens íntimas de Najila, o que rendeu outro inquérito, este no Rio de Janeiro porque o atacante estava em Teresópolis com a seleção brasileira.

A modelo fez sua primeira aparição pública ao conceder entrevista exclusiva ao SBT durante a semana. Ela esteve na delegacia duas vezes para prestar depoimento.

AS CONTROVÉRSIAS

As controvérsias O inquérito foi repleto de fatos que causaram reviravoltas e situações não explicadas. Isto aconteceu antes mesmo de o boletim de ocorrência ser registrado em 31 de maio. Dois dias antes, o primeiro advogado de Najila, José Edgard Bueno Filho, esteve com integrantes do estafe de Neymar.
O pai do jogador acusou o advogado de tentativa de extorsão. A modelo afirmou que foi traída pelo representante. José Edgard deixou o caso ao saber do B.O. e alegando que sua linha de atuação era um acordo de reparação. Abandonou o caso rebatendo as acusações dos dois.

O advgado falou que Najila jamais mencionou estupro e negou a tentativa de extorsão, afirmando que Neymar pai armou uma armadilha para forjar um álibi. Najila, por sua vez, questionou a atuação do ex-representante. Ele foi uma das pessoas convocadas pela Polícia Civil para prestar depoimento. Este foi o primeiro dos quatro advogados com quem Najila contou desde que deixou Paris, em 17 de maio.

A segunda e o terceiro advogados trabalharam em conjunto. Yasmin Pastore Abdalla e Danilo Garcia de Andrade saíram do caso porque a modelo não entregou um tablet que conteria provas e, de acordo com eles, sugeriu que o aparelho fora furtado por Danilo.
As supostas provas que Najila afirmava ter foram fonte de muita controvérsia. Ela dizia possuir um vídeo de sete minutos com gravação da segunda noite que esteve com Neymar e mensagens trocadas pelo WhatsApp. Ocorre que apenas 66 segundos das imagens apareceram, trecho que mostra Najila agredindo o atacante. O restante do vídeo e os diálogos nunca foram entregues à Polícia Civil. A modelo falou que tudo estava em um celular que foi extraviado. Haveria um backup num iPad cor-de-rosa, mas ele teria sido levado em um arrombamento ao apartamento dela. Apesar do suposto furto, Najila não registrou boletim de ocorrência. Um outro aparelho foi entregue à polícia, que conteria backup do que sumiu.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.