Oxicodona

Droga que matou jovem em hostel é moda em Hollywood 

Mineiro morreu no Rio de Janeiro após ser instruído a aplicar medicamento pelo reto

Ter, 27/01/15 - 03h00
Morte. Hostel no Rio disse não ter conhecimento do uso de drogas | Foto: Reproducao / Google Street View

A utilização do potente analgésico oxicodona (nome comercial OxyContin) como droga recreativa ainda é novidade no Brasil, mas nos Estados Unidos, a substância já é apontada como a “droga da moda em Hollywood”. Também conhecida como “heroína caipira” e citada em séries de televisão, como Dr. House, a oxicodona já foi encontrada na autópsia de artistas como o rei do pop Michael Jackson e o ator australiano Heath Ledger. No Brasil, no último domingo, a droga vitimou o turista mineiro Diogo Correa, 19. Ele foi encontrado morto em um hostel no Rio de Janeiro.

De acordo com a polícia, o jovem teria aplicado no ânus dois comprimidos da droga diluída, o que para o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Claudiney Luis Ferreira, pode ter culminado na morte do mineiro. “Pela via oral, a substância cairia primeiro no estômago, passaria pela corrente sanguínea e demoraria mais para fazer efeito. A via retal é altamente vascularizada e, muitas vezes, o medicamento não causa o efeito de primeira passagem (quando vai para o fígado) e vai diretamente para o local de ação, por isso, ele teve uma sobrecarga medicamentosa, chegando ao quadro de intoxicação”, diz.

Com uma potência duas vezes superior a da morfina, a droga é usada para aliviar dores intensas como aquelas provocadas pelo câncer, politraumatismos e queimaduras graves, mas as altas dosagens podem ter levado a um colapso do organismo do jovem. “O medicamento atua diretamente no sistema nervoso central e, dependendo da concentração pode produzir efeitos alucinógenos, além de uma parada geral do corpo (muscular, cardíaca e respiratória)”, afirma Ferreira.

Acesso. De acordo com a assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o analgésico possui registro desde agosto de 2014. Já o laboratório responsável pela comercialização do produto no país informou que o medicamento foi lançado em 2003, e que medidas serão adotadas para evitar o abuso da droga.

“Está para ser aprovada uma nova formulação do medicamento, com características que proporcionam maior segurança, tornando difícil o esmagamento da pílula e impedindo que os ingredientes sejam inalados ou dissolvidos”, disse a diretora médica da Mundipharma, Andrea Naves.

Onda de abuso

País. A presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas, Ana Cecília Marques, diz que o Brasil vive uma onda de abuso de drogas sintéticas. “É importante manter uma supervisão rígida das farmácias”, alerta.

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