Alta demanda

Efeito coronavírus: preços de máscaras sobe quase 600%

O temor é que o produto possa começar a faltar segundo a Central dos Hospitais de Minas Gerais (SindHomg)

Qui, 12/03/20 - 10h30

Com o avanço do novo coronavírus no Brasil, o receio tem feito o preço de máscaras cirúrgicas aumentar mais de 569%. Segundo dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), também houve aumento médio de 581% no valor das máscaras N95, usadas por profissionais de saúde. O temor é a falta dos produtos, diz a 2ª vice-presidente da Central dos Hospitais de Minas Gerais (SindHomg), Márcia Salvador.

“Antes, as máscaras custavam poucos centavos e agora estão custando mais de R$ 2. O consumo aumentou em 70%, e os preços mais de 1.100% dos fornecedores do Materdei, principalmente, na última semana. Se um profissional estiver exposto, ele tem que trocar a máscara pelo menos a cada três horas”, afirma Márcia, que também é vice-presidente do Mater Dei. "O problema disso tudo é encarecer todo o sistema, estamos conversando com os fornecedores para já termos estoque", completa. 

Nas últimas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a escassez desses materiais de proteção põe profissionais em risco e pediu um aumento de 40% na produção global para fazer frente à demanda.

Aumento abusivo.

A demanda por álcool gel também tem feito com que os preços disparassem e alguns consumidores se queixam de valores abusivos praticados em pontos de venda. De acordo com o coordenador do site Mercado Mineiro, especializado em pesquisa de preços, Feliciano Abreu, em uma consulta a farmácias é possível verificar, no caso do álcool gel, que um frasco de 420 mililitros pode chegar a custar R$ 45. Segundo ele, o mesmo produto, da mesma marca, antes podia ser encontrado por R$ 12. O aumento chega a 275%. "A falta de informação faz com que as pessoas percam dinheiro, por isso é preciso pesquisar. Hoje em dia temos aplicativos que comparam e facilitam a pesquisa do consumidor", destacou.

Para o advogado, membro do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, Rodrigo Bedran, é preciso ficar atento aos preços praticados. O consumidor que se sentir lesado pode procurar o Procon e pedir que haja uma fiscalização para avaliar possíveis aumentos abusivos nos preços. 

"Em via de regra, vivemos em um país liberal. Os preços são regulados pela lei de oferta e procura, mas o Código de Defesa do Consumidor prevê situações de práticas abusivas, dentre elas elevar o preço de algum produto sem justa causa. O que o consumidor pode fazer se perceber que há discrepância entre os valores cobrados é denunciar aos órgãos fiscalizadores. Se for constada alguma irregularidade a empresa é notificada podendo o caso ser levado ao Ministério Público", explica. 

"No Japão quando acontece algum terremoto ou desastre os comerciantes abaixam os preços para ajudar as pessoas, aqui o que vemos são comerciantes que aumento o valor para aproveitar da situação", lamenta o especialista. 

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