peça-chave

Ex-gerente devolverá R$ 252 mi

Com acordo de delação premiada fechado, Pedro Barusco vai contar detalhes sobre o esquema de corrupção controlado pelo ex-diretor Renato Duque

Seg, 17/11/14 - 14h31
Milionário. Acordo de delação de Barusco é o mais caro entre os firmados por ex-diretores da Petrobras | Foto: Botelho/SINAVAL/divulgação
Brasília. O ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco fechou acordo de delação premiada em que se compromete a devolver cerca de US$ 100 milhões – carca de R$ 252 milhões – e contar o que sabe sobre o esquema de corrupção e propina na estatal em troca de não ser preso. Barusco é ligado ao ex-diretor da área Renato Duque – indicado pelo PT para o cargo. Ontem, o advogado de Duque afirmou que ele não fará acordo de delação premiada “em hipótese alguma.”

O novo delator da Lava Jato é considerado peça-chave para a força-tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria da República porque deverá revelar o esquema que era controlado por Duque, que foi preso na sexta-feira, na sétima fase da operação.

O valor de restituição, a título de indenização, caso seja homologado pela Justiça, será o maior já obtido em um acordo com servidor da Petrobras. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato, e sua família vão pagar cerca de R$ 70 milhões. Dos US$ 100 milhões que Barusco vai devolver, US$ 20 milhões já haviam sido bloqueados na Suíça, onde ele mantinha uma conta. 

Barusco foi apontado como braço direito de Duque na cobrança de propina pelos executivos da Toyo Setal Julio Gerin de Almeida Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, que fecharam acordo de delação com o MPF no dia 22 de outubro. “Por meio desses depoimentos, está clara também a participação de Pedro Barusco e Renato Duque em diversos fatos criminosos investigados ou conexos com esta operação”, escreveram os procuradores no pedido de prisão de Duque.

As delações dos executivos da Toyo foram decisivas para deflagração da nova etapa da Lava Jato e para abertura de novas frentes de apuração. No pedido de prisão dos executivos do esquema, os procuradores da força-tarefa registram que os dois “narram com riqueza de detalhes todo o esquema de cartelização, corrupção, desvio de dinheiro, pagamento da corrupção no exterior, manutenção de dinheiro ilegalmente no exterior, lavagem de ativos”.

Duque. O advogado Renato de Moraes, que defende Renato Duque, afirmou ontem que “em hipótese alguma” seu cliente proporá acordo de delação premiada, a exemplo do que fizeram outros investigados. Moraes acompanhou o depoimento de Duque a policiais federais da operação Lava Jato.

“Eu conversei com o Renato algumas vezes, e a única resposta que diz é que não tem o que delatar nem quem delatar. Então, não tem hipótese alguma de que isso aconteça”, declarou.

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