Colapso

Frota de veículos cresce 63%, e malha viária aumenta só 0,5%

Apenas 12% das rodovias federais do país são pavimentadas, segundo Anuário Estatístico da CNT

Por Litza Mattos
Publicado em 14 de agosto de 2018 | 03:00
 
 

O principal modal de transporte do país, o rodoviário, ficou estagnado nos últimos nove anos. A extensão da malha pavimentada cresceu apenas 0,5% entre 2009 e 2017, ou apenas 962 km em relação aos 212.491 km de 2009, de acordo com o último Anuário da Confederação Nacional do Transporte (CNT). 

Enquanto a malha permanece praticamente a mesma e sem a devida manutenção, a frota de veículos registrados no país cresceu 63,6% no mesmo período, passando de 59,361 milhões para 98,201 milhões. 

O levantamento divulgado nesta segunda-feira (13) mostra que o Brasil possuía um total de 1,720 milhão de quilômetros de estrada no ano passado, dos quais apenas 12,4% são pavimentados (213.453 km). O restante da malha se divide em estradas não pavimentadas (78,5%) ou planejadas (9,1%). O transporte rodoviário é responsável pela movimentação de 61% das cargas e de 95% dos passageiros no Brasil.

Em Minas Gerais, a situação das estradas federais melhorou 22,98% em relação ao aumento da malha – de 12.258 km em 2005 para 15.076 km em 2017. No entanto, ainda segundo a CNT, quase 70% das rodovias no Estado ocupavam a classificação de regular, ruim ou péssima (69,8%) no último ano. Em relação a 2005, quando esse índice era de 83,6% – houve melhora de 13,8%. Em 2017, apenas 4.550 km das estradas mineiras estavam boas ou ótimas.

No entanto, essa melhora não tem se refletido na segurança e na diminuição de acidentes e mortes. A evolução do número total de acidentes de trânsito com vítimas em rodovias federais de 2008 a 2017 se manteve praticamente estável. E, de 2016 para 2017, o número total de óbitos voltou a crescer, aumentando de 830 para 869.

“A gente tem percebido que a quantidade de acidentes tem caído ao longo dos anos, principalmente devido à melhoria na fiscalização e aplicação de multas mais severas. Isso faz com que o condutor seja mais cauteloso e o número de acidentes reduza. Em contrapartida, percebe-se maior gravidade dos acidentes, ou seja, ainda que se tenha uma redução do número de acidentes eles têm se tornado cada vez mais graves, o que pode contribuir para que aumente o índice como um todo”, analisa o coordenador de estatística e pesquisa da CNT, Jefferson Cristiano.

Para Cristiano, a expansão da frota nos últimos anos e a baixa qualidade de infraestrutura disponível são uma combinação que aumenta o número de acidentes.

 

Até agosto, 43% do orçamento foi gasto

Neste ano, R$ 646 milhões foram autorizado para investimento público federal em infraestrutura de transporte em Minas Gerais, porém, passados oito meses do ano, apenas R$ 280 milhões foram efetivamente aplicados (43,3%).

O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, alerta que os dados do Anuário reafirmam a necessidade de realização de fortes investimentos em infraestrutura de transporte. 

“A precariedade e a insuficiência de rodovias, portos, aeroportos e hidrovias é uma barreira à retomada do desenvolvimento econômico do país. O Brasil precisa adotar, com urgência, uma política de Estado para infraestrutura com o objetivo de criar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável, com geração de empregos e renda no volume de que o país necessita”, diz.