Saúde Pública

Hospitais deverão ter dentistas para atender pacientes nas UTIs

Senado aprova projeto que tem objetivo de evitar série de infecções que começam na boca e podem matar

Qui, 25/04/19 - 20h35
Projeto exige que dentistas também acompanhem pacientes com doenças crônicas em sistema de homecare | Foto: João Leus/Arquivo

Todos os hospitais públicos e particulares de médio e grande porte do país terão que oferecer assistência odontológica aos seus pacientes internados na unidades de Tratamento Intensivo.

O Senado aprovou, por unanimidade, na última quarta-feira, o projeto de lei PLC 34/2013 que torna obrigatória a prestação de assistência odontológica a esses pacientes e, se sancionado pelo presidente, entrar em vigor 180 dias após sua publicação.

A proposta é uma ação conjunta do Conselho Federal de Odontologia (CFO) com os conselhos estaduais, segundo o presidente do CRO-MG, Alberto Magno da Rocha Silva. “O projeto prevê pelo menos um cirurgião-dentista fazendo parte da equipe das UTIs dos hospitais”, afirma.

Além disso, pacientes em regime de internação domiciliar, bem como a portadores de doenças crônicas também deverão ser contemplados.
Conforme estudo realizado pelo Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), cerca de 55,7% dos pacientes em UTIs brasileiras acometidos por infecção generalizada (ou sepses) acabam morrendo.

Para o presidente do CRO-MG, a inserção cada vez maior do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional de atendimento ao paciente internado, é uma das formas de combate às infecções hospitalares. 

“Existem vários estudos comprovando que os cuidados com a saúde bucal pode evitar doenças graves, como por exemplo, a endocardite bacteriana e a pneumonia. O profissional colabora na identificação de focos infecciosos e no restabelecimento da condição clínica”, afirma Silva.

Segundo a cirurgiã-dentista Alessandra de Souza, integrante da Comissão de Odontologia Hospitalar (OH) do CRO-MG e membro do grupo de trabalho das Diretrizes Clínicas da OH no Ministério da Saúde, essa prática também contribui na diminuição do tempo de internação, na quantidade de prescrição de medicamentos e na indicação de nutrição enteral. “Além de melhorar a qualidade de vida e promover um atendimento completo ao paciente”, diz.

O Hospital Público Regional de Betim (HPRB) já oferece uma equipe de odontologia composta por dois dentistas, um auxiliar em saúde bucal e um estagiário em odontologia. Os profissionais realizam, em média, 500 procedimentos mensais. De acordo com a cirurgiã-dentista do HPRB, Renata Gonçalves de Resende, “pesquisa em andamento já revelou uma redução de 50% de pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes que receberam atendimento odontológico”

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