Rio de Janeiro

Já são 16 mortes por balas perdidas em nove dias 

Moradora de Bangu foi atingida enquanto dormia

Ter, 27/01/15 - 03h00
Adeus. A pequena Larissa, de 4 anos, foi uma das vítimas dos últimos dias | Foto: ERBS JR.

Sandra Costa dos Santos, 58, dormia em sua cama, em sua casa no bairro de Bangu, na zona Oeste do Rio de Janeiro, quando foi atingida por uma bala perdida na madrugada de ontem. Ela está internada no hospital. No dia anterior, uma jovem de 21 anos morreu baleada, durante um confronto entre policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e criminosos da favela da Rocinha, na zona Sul. Com esses casos, sobe para 16 o número de pessoas atingidas por balas perdidas na região metropolitana da capital carioca nos últimos nove dias, sendo quatro mortes.

Não é possível saber se houve um aumento nesse tipo de crime, que muitas vezes entra nas estatísticas apenas como “homicídio”. Mas, a julgar pelos últimos dias, há a impressão de que existe no Rio uma epidemia de balas perdidas.

É uma situação vem se construindo há anos. “O que ocorreu foi uma corrida armamentista. A polícia foi aumentando seus armamentos, os bandidos também. Hoje, há a dúvida de quem tem mais fuzis”, diz a cientista social Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, no Rio. Entendemos melhor o quadro quando sabemos que um tiro de fuzil tem potência para atravessar de três a quatro casas.

As mortes ocorrem tanto em tiroteios entre grupos de bandidos rivais como em conflitos entre a polícia e o crime organizado. Em ambos os casos, Sílvia defende que deve haver uma mudança de mentalidade da população e da polícia.

Para ela, é preciso investir no desarmamento – não só incentivando a população a se desarmar, mas mudando o foco das operações policiais. Em vez da apreensão de drogas, a polícia deveria privilegiar a apreensão de armas. Sílvia também defende que o objetivo da polícia não deve ser o de capturar, prender e matar bandidos a qualquer custo.

“Nosso foco deve ser salvar vidas a qualquer custo. E isso quer dizer salvar vidas de bandidos também, se esse for o preço para termos uma maior segurança para a população e salvar vidas inocentes”, propõe. (Com agências)

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