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Manifestantes e PM travam queda de braço nas ruas hoje

Movimentos querem passeata da praça Sete até a Savassi, mas polícia afirma que vai manter a ordem

Sáb, 28/06/14 - 03h00
Novela. PM e ativistas se “enfrentam” novamente hoje, a partir das 10h, na praça Sete, onde no dia 12 (foto) deste mês começou o ato que terminou com vandalismo | Foto: LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

Enquanto milhares de brasileiros vão assistir à seleção verde-amarela jogar no Mineirão, a disputa que começou na Justiça na última semana será mais uma batalha hoje. De um lado, os manifestantes antiCopa querem garantir o direito de fazer a passeata até a praça da Savassi, que se tornou reduto dos torcedores. Do outro, a Polícia Militar (PM) garante que, para manter a ordem, não vai deixar que o protesto atrapalhe nem mesmo o trânsito.

A manifestação a partir das 10h na praça Sete, no centro de Belo Horizonte, é a principal de três previstas para a cidade hoje no mesmo horário – na Pampulha e na praça da Estação – e vai mostrar quem tem mais “força” ou “razão”. Essa pode ser uma estratégia que se assemelha à saída encontrada pelos manifestantes da Alemanha, que começaram a se reunir em grupos diferentes pela cidade para fugir do forte certo da polícia, conhecido como “Caldeirão de Hamburgo”.

A ação impetrada pelos advogados dos movimentos sociais pretendia acabar com o cerco da corporação que impediu os dois últimos protestos contra o Mundial de sair em passeata pela cidade. Porém, dois dias depois, a liminar foi derrubada. Mesmo antes da nova decisão, o comando da polícia já afirmava que manteria a tática de “envelopamento” para evitar possíveis atos de vandalismo como no protesto na abertura da Copa.

A PM terá mais de mil homens cercando os manifestantes e promete fazer de tudo para que inclusive o trânsito flua na mais perfeita ordem. Já o protesto contava até nessa sexta à noite com cerca de 700 pessoas confirmadas. Os últimos tinham mais de mil confirmações, mas reuniram no máximo 600.

Em sua página, a Assembleia Popular Horizontal avisa que não abrirá mão da caminhada até a Savassi. “Não estamos fazendo nada de errado, estamos nas ruas exercendo um direito legítimo de manifestar contra algo que consideramos errado, por isso não abriremos mão de marchar”, informou, em nota.

O comandante do Batalhão Copa, Coronel Hércules de Paula Freitas, afirmou nessa sexta que o ideal é que o protesto seja como no último domingo, na praça da Estação ou no quarteirão fechado da praça Sete, “sem incomodar os torcedores nem atrapalhar o trajeto das pessoas que querem ir para casa. A população não aguenta mais isso e está elogiando nossa atuação”, destacou o comandante.

Manifestações durante a Copa

Abertura da Copa do Mundo: cerca de 600 manifestantes na praça Sete protestam contra o Mundial. Eles seguem para a praça da Liberdade, onde há conflito com a PM, com bombas, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Bancos, lojas e prédios são depredados, e 11 pessoas são presas.

14/6. Cerca de 200 manifestantes se reúnem na praça Sete no dia do 1º jogo no Mineirão. Após o vandalismo no dia 12, a PM usa efetivo muito superior e utiliza pela primeira vez a tática de cercar o protesto por todos os lados, impedindo a passeata pela cidade.

17/6. Manifestantes protestam na Savassi, próximo aos torcedores, para evitar repressão da PM. Mas os 1.200 policiais fazem o cerco novamente, isolando a manifestação de 150 pessoas da festa da torcida.

21/6. Apenas 30 pessoas vão à praça Sete protestar em dia de jogo no Mineirão, mas ficam no quarteirão fechado.

22/6. Movimentos sociais decidem fazer um protesto lúdico na praça da Estação com partidas de futebol, com 300 pessoas e bastante policiais por perto.

24/6. Justiça proíbe por liminar que a PM impeça manifestações na capital. A ação foi proposta pelos movimentos sociais.

26/6. O TJMG suspende a liminar, e PM diz que vai manter mesma tática de “envelopamento” no protesto de hoje.

Os três atos começam 10h
Além da manifestação prevista para começar às 10h na praça Sete, outros dois protestos foram marcados para Belo Horizonte no Facebook. Um praça da Estação, com quase 300 pessoas confirmadas, e outro na avenida Abrahão Caram (Mineirão), com apenas 30.

“Crie um evento você também. Vamos em todos os pontos de BH”, dizia a mensagem do internauta que criou o evento Não Vai ter Jogo.

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