Planejamento

Manifestantes migram para a Savassi para escapar de cerco

Ativistas acreditam que a presença de turistas impedirá tática de isolamento usada pela PM

Por Joana Suarez
Publicado em 17 de junho de 2014 | 03:00
 
 
Isolado. Manifestante sentado na rua, na praça Sete, em frente ao pelotão da tropa de choque da PM GUSTAVO BAXTER – 14.6.2014

O protesto contra a Copa do Mundo previsto para esta terça, dia de jogo do Brasil, desta vez terá concentração na praça da Savassi, na região Centro-Sul, onde turistas e torcedores costumam se reunir para ver o Mundial. A mudança de local – tradicionalmente na praça Sete, no centro – é uma estratégia dos movimentos para evitar o que ocorreu na manifestação do último sábado, quando 1.200 policiais fizeram um cercado em torno das quase 200 pessoas que estavam no pirulito da praça na tentativa de impedir passeatas pela cidade e possíveis depredações. A tática tem sido comparada ao Caldeirão de Hamburgo, na Alemanha .


A Polícia Militar (PM), por sua vez, afirmou que vai garantir a ordem e a festa da torcida na região e pode utilizar a estratégia de isolamento dos manifestantes novamente. Segundo o comandante do Batalhão Copa, tenente-coronel Hércules de Paula Freitas, todas as pessoas serão revistadas nesta terça, como tem sido feito nos dias de jogos e protestos.

“A PM vai proteger a comunidade ordeira e evitar qualquer tipo de violência e desordem na capital. A estratégia e a quantidade de efetivo vão ser decididas de acordo com a necessidade. Temos 14 mil policiais e podemos mandar 1.200 para algum local”, explicou o coronel. De acordo com Freitas, foram mapeados 12 locais na cidade onde ocorrerão revistas e para aonde será possível enviar efetivo rapidamente.

Militante do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac) e das Brigadas Populares, Isabella Gonçalves Miranda acredita que na Savassi a PM não poderá cercar os manifestantes. O local foi escolhido durante assembleia dos movimentos nesse domingo. “Se a polícia fizer alguma repressão ao movimento, será na frente dos gringos. Estamos bastante temerosos porque acreditamos que a polícia não vai permitir o protesto de alguma forma”, afirmou.

O evento marcado pelo Facebook ganhou mais uma motivação: “Pelo direito de manifestação”, além de pautas por moradia, transporte, entre outras. Cerca de 800 pessoas haviam confirmado presença pela rede social até nessa segunda. Nos últimos protestos, esse número passou de 7.000. Os movimentos acreditam que pelo menos 300 pessoas devem comparecer nesta terça, a partir das 12h, à Savassi. Há informações de que comerciantes tentarão impedir o protesto.

Reunião. Na tarde dessa segunda, representantes dos movimentos se reuniram com Ministério Público, Defensoria Pública e outras entidades para discutir o direito à manifestação. A PM não pôde comparecer ao encontro por estar envolvida no planejamento das ações desta terça  para a Copa. A falta de identificação de policiais nas manifestações e o efetivo desproporcional ao número de manifestantes foram algumas das reclamações.

Sábado
Programação.
Os membros da Copac se reuniram nessa segunda à noite para definir ações do próximo sábado. Eles planejam uma “Copa Popular” com um jogo entre as comunidades afetadas pelo Mundial.