Luto

Morre a médica e ex-colunista de O TEMPO Fátima de Oliveira

Colunista de O TEMPO por mais de dez anos, era uma das mais importantes militantes feministas pela saúde

Seg, 06/11/17 - 20h52
Fátima de Oliveira foi colunista do jornal O TEMPO por mais de dez anos | Foto: João Godinho/O TEMPO

Morreu, aos 63 anos, vítima de câncer, na tarde do último domingo, a médica Fátima de Oliveira, uma das mais expressivas ativistas brasileiras em defesa da saúde das mulheres, das políticas de atenção integral e do Sistema Único de Saúde (SUS). Por mais de dez anos, Fátima foi colunista do Jornal O TEMPO, no caderno Opinião, sempre às terças-feiras. “Foi uma pessoa muito preocupada com a justiça social. Ela tinha um desempenho na parte política muito saliente e fazia isso com muita determinação e ênfase”, lamentou o editor de Opinião Victor Almeida.

Nos últimos anos a médica havia voltado para a sua cidade natal, São Luís, no Maranhão, após décadas de residência em São Paulo e em Minas Gerais, onde atuou como médica do Hospital de Clínicas de Belo Horizonte e dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Integrante de diversas instituições, como a Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC), Fátima participou de inúmeras atividades no Brasil e exterior.

Descrevendo a médica como uma “feminista negra inesquecível”, a ONU Mulheres expressou pesar pela sua morte e solidarizou-se com os familiares. O organismo internacional elogiou o “legado feminista valoroso” deixado pela pesquisadora para a luta por direitos sexuais e reprodutivos.

Autora de quatro livros, sendo o último um romance sobre aborto em relações de mulheres e padres, Fátima foi uma das mais ativas construtoras da luta pela redução da mortalidade materna no Brasil e na América Latina. Como pesquisadora e pensadora, Fátima Oliveira foi fundadora de um campo de pensamento no Brasil, ao elaborar teses sobre a bioética feminista, não racista e não sexista.

A deputada federal Jô Moraes lamentou o falecimento em sua rede social. “Fátima Oliveira partiu! Levou com ela a ousadia de confrontar o preconceito e construir um tempo novo”. Ao jornal O TEMPO, a deputada disse que Fátima “enfrentou o debate da bioética em um momento em que havia o pensamento de praticamente monitorar a reprodução humana”, disse.

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