Levantamento

Morte violenta de jovens custa R$ 6,4 bilhões por ano a Minas

Estado é, ao lado do Paraná, o terceiro com as maiores perdas, segundo estudo do Ipea

Sáb, 13/07/13 - 03h00
Policiais junto a corpo de adolescente assassinada na região metropolitana de Belo Horizonte | Foto: PEDRO SILVEIRA - 19.8.2008

A alta taxa de mortalidade de jovens em Minas Gerais gera um custo anual de R$ 6,4 bilhões, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentado ontem no Rio de Janeiro. O valor, apresentado na pesquisa “Custo da Juventude Perdida no Brasil”, representa 0,55% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – R$ 351 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Minas é, ao lado do Paraná, o terceiro Estado com o maior custo anual.

No Brasil, o prejuízo é de R$ 79 bilhões – 1,5% do PIB nacional – e tem como base 1,9 milhão de jovens vítimas de morte violenta (homicídios, acidentes e suicídio) entre 1996 e 2010. Segundo o pesquisador Daniel Cerqueira, autor do estudo, o impacto é diferente em cada Estado. Nos mais violentos, como Alagoas, o custo das mortes violentas, de R$ 1,7 bilhão, chega a representar 6% do PIB. Em São Paulo, que registra a menor taxa de mortes violentas de jovens, o custo de R$ 14,9 bilhões representa 1% do PIB.


“A taxa de mortalidade é um custo de bem-estar social – em termos de dor, sofrimento, perda de produtividade – e representa um grande custo econômico. Só para ter uma dimensão do que representam R$ 79 bilhões, isso é mais do que o orçamento das secretarias de Segurança e de Justiça (ou Administração Penitenciária) de todos os Estados”, disse Cerqueira.

A análise foi divulgada durante o seminário Juventude e risco: perdas e ganhos sociais na crista da população jovem, promovido pelo Ipea e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos. Cerqueira esclareceu que os valores obtidos no estudo não significam dispêndio direto do governo ou perda de arrecadação e produtividade econômica com a morte precoce dos jovens. “O cálculo utiliza uma metodologia referente ao custo do bem-estar social, ou seja, o quanto a sociedade percebe que custa a alta taxa de mortalidade no país”, afirmou.

Justificativa. Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) de Minas diz que tem desenvolvido projetos e ações inovadoras para diminuir a criminalidade violenta e proteger a vida dos cidadãos. Desde 2004 – ano em que começou a ser implantado o atual modelo de segurança pública, que inclui políticas de integração das ações das polícias e de prevenção da criminalidade –, os crimes violentos caíram 35,2%, informa a Seds.

O trabalho de proteção da vida dos jovens, ainda segundo a secretaria, é reforçado com iniciativas específicas, como o programa de controle de homicídios Fica Vivo. Nas áreas onde foi implantado, o Fica Vivo conseguiu reduzir os homicídios consumados entre jovens de 12 a 24 anos em até 50%. “Esse programa possui, inclusive, reconhecimento do Banco Mundial como a melhor iniciativa de prevenção à violência entre jovens do país”.

O Estado, diz a secretaria, também investe em Centros Socioeducativos, voltados para a responsabilização e a reintegração de adolescentes em conflito com a lei. Por meio do Programa Portas Abertas, Minas vai implantar as medidas de meio aberto, que evitam que o jovem prossiga na trajetória infracional e com isso tenha menos chances de morrer, estão sendo implantadas em todas as cidades com mais de 20 mil habitantes de Minas. (Com agências)

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