Saúde

Nova vacina da Dengue deve ser disponibilizada até 2021

Instituto Butantan, de São Paulo, registra patente pelo desenvolvimento e produção das doses

Por Thuany Motta
Publicado em 23 de junho de 2018 | 03:00
 
 

A luta pelo combate à dengue ganhou um novo reforço nesta semana. O Instituto Butantan, de São Paulo, conseguiu uma patente nos EUA para o processo de produção de uma vacina contra a doença. A previsão é que a dose esteja disponível na rede pública de saúde do país até 2021. O investimento total no processo é de R$ 224 milhões.

A fórmula desenvolvida pelos cientistas brasileiros promete avanços porque protege contra os quatro subtipos com uma única dose e é feita com vírus vivo e atenuado, induzindo o organismo a produzir anticorpos. A indicação é para pessoas entre 2 e 59 anos.

Além disso, uma das novidades, de acordo com a pesquisadora Neuza Frazatti Gallina, gerente de Projetos Vacinas Virais do Instituto Butantan, é que, diferentemente da vacina que já existe, o novo imunizante também pode ser utilizado por quem não teve a doença anteriormente. “Até o momento, conseguimos comprovar a eficácia da dose tanto em indivíduos que já tenham contraído a dengue como naqueles que nunca foram diagnosticados”, diz. 

O projeto do Butantan está na terceira fase do estudo clínico, na qual são feitos testes em humanos. Mais de 17 mil voluntários participam do estudo, distribuídos em 14 centros de pesquisa clínica em cinco regiões do país. Em Belo Horizonte, a ação acontece em parceria com a UFMG, no Centro de Saúde Jardim Montanhês.

Segundo a pesquisadora Neuza, nessa última etapa os estudos visam comprovar a eficácia do imunizante. “Do total de voluntários, dois terços receberam a vacina, e um terço recebeu placebo, substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus. Os dados disponíveis até o momento indicam que a vacina é segura, induzindo o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue”, explica.

Próximos passos. Assim que a pesquisa for concluída, o Instituto Butantan deve encaminhar um pedido de registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão é que isso ocorra ainda neste segundo semestre. 

Somente após a obtenção desse documento a vacina poderá ser disponibilizada à população, por meio do Ministério da Saúde. “Ter a vacina desenvolvida e produzida por um produtor público nacional é uma vantagem para todos nós, porque garante a disponibilidade do produto, permitindo a autossuficiência produtiva, além de garantir preços mais acessíveis durante todo o processo”, avalia Neuza.

 

Primeiro imunizante tem restrição

Produzida pela Sanofi, a primeira vacina contra a dengue do mercado recebeu o nome de Dengvaxia e foi aprovada no país em 28 de dezembro de 2015. No ano passado, o produto foi alvo de polêmica. 

A própria Sanofi informou ter observado um maior risco de indivíduos que não haviam sido infectados previamente desenvolverem uma forma grave da enfermidade no futuro, caso fossem picados pelo Aedes Aegypti. Como existem quatro subtipos do vírus, a mesma pessoa poderia ter dengue até quatro vezes na vida. 

Por conta disso, a Anvisa decidiu que a dose não seria administrada no país a pessoas que não tenham tido exposição prévia ao vírus.