Violência

Número de mortes pela polícia do Rio aumenta 17,6% em fevereiro

De acordo com o Instituto de Segurança Pública, os chamados homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial somaram 100 em fevereiro, ante 85 em 2017

Por Agência Estado
Publicado em 02 de abril de 2018 | 19:49
 
 
Oficialmente, a intervenção federal começou a vigorar no dia 16 de fevereiro, com um decreto do presidente Michel Temer Mauro Pimentel/AFP

O número de mortes cometidas pela polícia do Rio de Janeiro subiu 17,6% em fevereiro na comparação com o mesmo mês no ano passado, segundo divulgou nesta segunda-feira (2) o Instituto de Segurança Pública (ISP), braço estatístico da Secretaria de Segurança do Estado. Os roubos de veículos cresceram 11,8%. Esses dados abarcam os primeiros 12 dias da intervenção federal na segurança, iniciada no dia 16.

De acordo com o ISP, os chamados homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial somaram 100 em fevereiro, ante 85 em 2017. Em janeiro, o número havia sido de 154, aumento de 57,1% em relação aos 98 verificados em 2017. Foi o maior número em um mês em 15 anos, desde o início da série histórica. Em fevereiro, os roubos de veículos passaram de 4.286 (em 2017) para 4.792.

Os meses de janeiro e fevereiro não podem ser comparados, conforme estatísticos, porque o segundo é um mês mais curto e nele ocorre o carnaval, quando os índices geralmente caem. Outra ressalva que o ISP faz é quanto à paralisação que ocorreu na Polícia Civil no ano passado, de janeiro a abril, que provocou subnotificação - mas isso não alterou os dados de homicídios e roubos de veículos, que continuaram sendo registrados.

A letalidade violenta - que soma as ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, homicídio decorrente de oposição à intervenção policial e lesão corporal seguida de morte - foi reduzida em fevereiro. Foram 561 vítimas, 9,2% a menos do que no mesmo mês em 2017. O número de policiais civis e militares mortos em serviço praticamente não se alterou: foram duas vítimas em 2018 e uma em 2017.

Os indicadores de produtividade policial foram positivos: as armas apreendidas aumentaram 19% (de 569 para 677); as drogas, 25,4% (de 1.266 para 1.588), os veículos recuperados, 42,7% (de 2.307 para 3.292); os mandados de prisão cumpridos, 36,3% (de 879 para 1.198).

Intervenção

Oficialmente, a intervenção federal começou a vigorar no dia 16 de fevereiro, com um decreto do presidente Michel Temer (MDB). Os efeitos do primeiro mês nas estatísticas só serão conhecidos no fim de abril, quando o ISP divulgará o informe de março.

Na semana passada, o interventor, general Walter Braga Netto, disse que a população não deve esperar mudanças significativas para breve. "A intervenção vem para corrigir um problema de décadas, não é em um ou dois meses que os senhores terão resultados", declarou.

Ele afirmou que os nove meses que lhe restam no posto (até 31 de dezembro) são "um curto período de tempo" para reverter o cenário difícil do Estado. Porém, afirmou que "do início do ano para cá, o viés (nos índices de criminalidade) é de queda".

"Minha tropa está na rua não porque os índices estão aumentando, mas porque a sensação de segurança não voltou", disse Braga Netto à reportagem.